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Entre mudar e permanecer
Luciano Alvarenga é sociólogo e mestre em economia pela Unesp, para Gazeta de Rio Preto.

Á medida que os anos passam, percebemos as coisas de maneiras diversas, quase sempre, se tivermos sorte, veremos a vida por novos e outros ângulos; e o que descobrimos é que na vida nada é simples. Uma das coisas que sempre me acompanhou ao longo desses anos, é a “síndrome do buraco”.
A síndrome do buraco consiste em tornar tudo na vida alguma coisa que você não pode mudar. A velha estória da muleta; sabe gente que tem explicação pra tudo que não dá certo na vida dela, e quase sempre a explicação está ligada a tudo e a todo mundo, menos a ela mesma.
Você deve ter percebido que é muito comum, quando você expressa a alguém uma ideia ou iniciativa importante que deseja tomar; abrir um negócio, morar em outra cidade, fazer uma faculdade diferente, sair do país, que rapidamente aparecem pessoas, geralmente muito próximas, desestimulando você, lhe dizendo como a ideia ou atitude que quer tomar é esdrúxula, estranha, e mais, que você jamais vai conseguir.
Imaginemos a vida como um buraco, num sentido não de alguma coisa necessariamente ruim, mas que simplesmente é o que todos são e fazem desde sempre e, que se espera você também seja e faça. Quando alguém do grupo resolve fazer algo diferente ou, em outro lugar ou, de maneira diversa daquilo que costumeiramente se faz, o que se desperta no grupo é uma terrível sensação de mudança, e mudanças assustam. Mudar é das coisas mais difíceis que tem, envolve se desligar, desapegar de antigas coisas, lugares, pessoas, relacionamentos, e seguir a vida (nova) em outras direções.
Quando alguém resolve ser ou fazer diferente, ele desperta temor em todos os outros. É como se alguém resolvesse sair do buraco enquanto todos estão acostumados com ele. Pra aqueles que se sentem bem como estão, ou que pensam estar bem, alguém querendo mudar é terrível.
Quando alguém resolve fazer isso, “sair do buraco, conhecer novos mundos possíveis”, ele desperta em todos os outros o incômodo de terem que lidar com suas próprias escolhas, passadas e presentes. E mais, inúmeros são aqueles que um dia quiseram sair do buraco, conhecer outros lugares, tempos e pessoas, mas que por razões diversas não saíram. Quando alguém resolve fazer algo que um dia quisemos, mas não fizemos, seja por que razão for, sempre nos veremos com essa pergunta, “e se eu tivesse…”.
É muito difícil lidar com uma vida que você poderia ter tido, e não tem, caso tivesse feito, tentado aquilo que agora você vê alguém fazendo, tentando.
Boa sorte!!
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