AS RUAS E O LIMITE

Parado em frente a um monitor de TV ou de um telão em praça pública, o Brasil assistiu no último domingo ao cumprimento da primeira etapa que vai levar ao fim do governo de Dilma Rousseff. Atingidos às 23h07 os 342 votos necessários, dois terços do total, para a Câmara autorizar o Senado a abrir o processo de impeachment contra a presidente. O placar final foi: 367 votos pelo “Sim” à abertura do processo de impeachment, 137 contra, 7 abstenções e 2 ausências. Esse foi o começo do fim de uma história anunciada, para a sorte do Brasil e do seu futuro.  A derrota do governo no Congresso mostra que a coisa foi, foi, foi até que o povo – até que eu e você – cansamos.  Cansamos de ser apáticos diante de um dos governos mais corruptos do tempo de vida da jovem democracia brasileira. O resultado do último domingo não foi por acaso. Foi fruto bom de uma nova conscientização política forjada longe do ambiente político da oposição. A vitória do último domingo é uma conquista única e exclusiva da sociedade civil, organizada, do conjunto de cidadãos que vive e verdadeiramente carrega o piano do trabalho e dos impostos deste País.  A excepcional república de Curitiba restaurou o fôlego e o ânimo do brasileiro para lutar por ética, justiça, dignidade e moralização da política. Certamente que a Operação Lava Jato marcará o início de um tempo novo e fértil de verdade, respeito e de amadurecimento no exercício da democracia brasileira.  Para Pierre Reverdi, poeta francês, “a ética é a estética de dentro”.  Esse tempo que vivemos no Brasil – por mais estranho que possa parecer  – chegou para melhorar nossa beleza interna. Estamos muito mal na fita da corrupção, das propinas, dos cambalachos, da mão grande e dos carteis de usurpação ao patrimônio nacional.  A vitória do último domingo marca o início do tratamento de beleza da nossa alma. O povo sente, percebe e quer o renascer de um perfil cheio de atrativos para o futuro da nação. Por isso fomos, temos ido e iremos às ruas. Os movimentos sociais, feito o Vem Pra Rua (VPR) resolveram se organizar e convocar a população a expressar a sua indignação: em ordem e em paz. Representam um novo formato de pressão popular organizada, vigilante, ética e extremamente mobilizada.  Uma criativa oposição que nasce da real insatisfação de civis, pessoas comuns e congraçadas, sem partidos, no mérito de estancar a corrupção. Temos como um dos objetivos sermos o palco para que todo brasileiro possa manifestar sua indignação – dar uma voz pra todos poderem clamar pelas mudanças que tanto desejamos. A nossa única diferença em relação a    alguns grupos é que “Somos contra a violência e nossas ações são pautadas dentro da democracia, respeitando o Estado de Direito.” O apelo nas ruas, as manifestações pacíficas e o trabalho exemplar de jovens de um judiciário sem amarras nos levam a crer em um país mais justo, equânime, desenvolvido e próspero. Somente o fim das distorções de privilégios absurdos e a consolidação da aplicação honrosa das leis poderão fazer do Brasil uma nação livre e confiável. Estamos começando a sair do buraco. A esperança verde-amarela é radiante e eterna.

Roberto Lima Filho – Doutor em Ortodontia pela UFRJ – Diplomado pelo “American Board of Orthodontics”