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Estamos preparados para a transformação digital?

Artigo escrito por Carlos Eduardo Sedeh

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Vivemos um período de constantes transformações, e a entrada de novos disruptores digitais tem causado impactos de grande relevância – não somente no mercado de trabalho, mas no cotidiano de qualquer pessoa. Avanços tecnológicos estão criando melhores modelos de negócios, mas será que nós, seres humanos, entendemos o nosso papel nisso tudo? A meu ver, ainda não.

A tecnologia mudou a nossa forma de consumir conteúdos, serviços, produtos e tudo isso tem acontecido, de forma irreversível, como um fenômeno global e geracional. Porém, grande parte da população ainda encara o tema com uma abordagem negativa, pessimista, tendo como principal motivo a preocupação com o mercado de trabalho e fim de empregos.

De fato, muitas vagas e segmentos serão quase totalmente extintos. Mas, devemos lembrar que a primeira Revolução Industrial permitiu que as pessoas evoluíssem para outros campos, afinal, para operar máquinas também era preciso mão de obra. O surgimento da mecanização naquela época resultou em significativas transformações em quase todos os setores da vida humana.

Profissões que exigem baixa capacidade intelectual e muita repetição de tarefas serão as mais afetadas. Contudo, acredito que, o momento que vivemos trará, igualmente, ainda mais oportunidades. A tecnologia oferecerá experiências incríveis não apenas na venda de produtos, mas, principalmente, na melhoria de nossas vidas. Teremos uma série de inovações nos campos da ciência, medicina, educação, entre muitos outros que contribuirão para aumento de longevidade, ganho de tempo e eficiência, resultando em mais tempo livre, cura de doenças que hoje são irreversíveis, melhora da aprendizagem e por aí adiante.

Ao invés enxergarmos o que a transformação digital pode destruir, devemos tentar compreender o que ela vai construir. Acredito que, em apenas algumas décadas, programar sistemas será uma das primeiras coisas que uma criança aprenderá. Novas oportunidades para programadores e desenvolvedores surgirão em grande escala. Para isso, devemos mudar nossa interpretação e encarar que o uso da tecnologia aumentará nos próximos anos. Não podemos ficar omissos e reativos sob pena de uma profecia autorrealizável à tecnologia destruidora.

É necessário e mandatório interagir de forma saudável, mesmo que o ser humano seja reativo e tenha medo de mudanças. Um estudo recente da Wunderman, em parceria com a Penn Schoen Berland, descobriu que apenas 42% das pessoas dentro das organizações se veem como transformadoras, o que, em outras palavras, significa que apenas uma parcela menor se sente à vontade para experimentar coisas novas e assumir riscos. Isso faz com que desconheçam o que realmente a tecnologia é capaz de fazer, resultado de um aspecto cultural inerente do ser humano.

A pesquisa revela também que 65% das empresas não são capazes de atender às crescentes necessidades tecnológicas dos clientes. E mesmo grandes nomes como Google, Adobe, Microsoft e Salesforce, ainda lutam para unir dados, criatividade e tecnologia.

A transformação digital é muito mais abrangente que o celular e Internet das Coisas. É a melhoria na qualidade de vida do ser humano, mesmo que haja algumas inevitáveis perdas. É um desafio e ninguém falou que seria fácil.

 

Carlos Eduardo Sedeh é CEO da Megatelecom.

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