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Turismo quente

Rafael Almeida é CEO do Grupo Natos e faz uma comparação entre Olímpia e o turismo de um dos maiores destinos de lazer do planeta: Orlando

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Orlando Brasileira. A comparação com um dos maiores destinos de lazer do planeta pode parecer exagero para Olímpia, cidade paulista de 55 mil habitantes situada a 430 quilômetros de São Paulo. O município, nos últimos anos, viu sua economia, antes quase totalmente dependente da agroindústria, se reinventar por meio do turismo, aproveitando ao máximo o potencial do tesouro que corre por baixo da terra: suas águas termais. Segunda cidade que mais se desenvolveu no Brasil, de acordo com o mais recente levantamento da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Olímpia deverá encerrar 2018 com 2,5 milhões de turistas na conta. Um acréscimo de 19% em relação a 2017, quando 2,1 milhões de turistas escolheram o município, também conhecido como Capital Nacional do Folclore, como seu destino de férias. Esses turistas injetaram impressionantes R$ 250 milhões na economia local, e as estimativas para os próximos anos impressionam ainda mais.

Documento da Secretaria Municipal de Turismo, que reflete projeções dos próprios players do setor, indica que Olímpia deve receber 3,5 milhões de visitantes até 2022 e algo como 6 milhões até 2024, ou seja, 1/3 de todos os turistas que circularão pelo estado de São Paulo. Hoje a participação já gira na casa de 11%, de acordo com esse mesmo documento.

Olímpia conta atualmente com cerca de 20 mil leitos formais, entre resorts, hotéis, pousadas e hotéis-fazenda, e emprega diretamente quase 5 mil pessoas, entre hotéis, agências de viagens, locadoras, transportadoras, etc. Em 2015, eram 8.660 leitos, ou seja, a oferta mais que dobrou em apenas três anos. E uma série de novos investimentos estão sendo realizados pelos players já posicionados na cidade para garantir a continuidade dessa expansão, que deve chegar, em 2024, com 30 mil leitos.

Até por isso, o cenário que se vê pela cidade é de um verdadeiro canteiro de obras. Os investimentos na rede hoteleira ultrapassam os R$ 2 bilhões. Somente o Grupo Natos, com sede em Goiânia, formado pelos investidores W Palmerston Holding, Griffe Investimentos e ABL Prime, especializadas na incorporação e gestão administrativa de resorts na modalidade de uso compartilhado, investirá até 2020 cerca de R$ 1 bilhão. O primeiro empreendimento, o Enjoy Olímpia Park Resort, maior operação em número de apartamentos já construído na cidade, com 912 apartamentos, já está em funcionamento com 456 apartamentos em duas de suas quatro torres.

O modelo de uso compartilhado, também conhecido como fractional, muito difundido no mundo e em alguns destinos do Brasil, é o que melhor se adequou ao turismo para a família, que é o principal perfil dos visitantes de Olímpia. Nos meses de férias escolares, dezembro, janeiro e julho, a taxa de ocupação dos hotéis atinge, em média, 83,6%.

Essa vocação familiar é impulsionada pelo grande ímã de Olímpia, o Thermas dos Laranjais, terceiro parque aquático mais visitado do mundo e primeiro da América Latina, de acordo com o ranking global da Theme Index/Museum. Ao Thermas se somam outros equipamentos, como o parque Hot Beach e a praia artificial do Mirante, que vieram somar forças ao turismo local. E é justamente neste ponto que Olímpia se depara com seu grande desafio.

Os parques aquáticos são e continuarão sendo os protagonistas do turismo. Mas, para aqueles que vêm de longe, com intenção de ficar mais do que só o fim de semana, Olímpia vem se organizando rapidamente para complementar a experiência, diversificando suas atrações permanentes.

Os primeiros passos neste sentido já estão sendo dados, como, por exemplo, o Villa Mall Olímpia Park, centro de gastronomia, serviços e compras no mesmo complexo turístico do Enjoy Olímpia Park Resort, inaugurado em novembro do ano passado, o Olímpia Garden Outlet, com inauguração prevista para o fim de 2019, investimentos de cerca de R$ 120 milhões, geração de até 1,5 mil empregos diretos e indiretos e potencial para atrair 100 lojas de grandes marcas. Além disso, a chegada de atrações do Grupo Dreams, sendo a primeira o Vale dos Dinossauros, previsto para junho, reforça a expectativa de novos atrativos na cidade.

Para vencer este desafio, Olímpia precisará manter o esforço conjunto do poder público, seja municipal, estadual e federal, dando sustentação à iniciativa privada no que diz respeito a toda infraestrutura necessária, como a melhoria da malha rodoviária, gestão dos recursos hídricos, saneamento básico e educação de qualidade com a respectiva qualificação voltada para o turismo, que passa a ser seu principal vetor de desenvolvimento. Será assim, com a participação dos agentes públicos e a união e o engajamento da sociedade local e empresários do turismo para ações baseadas nesse olhar mais abrangente sobre seu próprio desenvolvimento, que Olímpia fará jus, enfim, ao título e Orlando Brasileira.

Rafael Almeida é CEO do Grupo Natos 

 

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