Rio Preto registra seis golpes contra idosos em menos de 20 dias

O número de golpes aplicados por estelionatários contra idosos vem crescendo cada vez mais em Rio Preto. Só neste mês já foram registradas seis ocorrências até o momento e o prejuízo ultrapassa R$ 50 mil. O número pode ser ainda maior porque muitos idosos têm vergonha de registrar o boletim de ocorrência. Segundo a polícia, os golpistas agem de diversas maneiras, se passam por pessoas solicitas no interior de agências bancárias, fingem ser parentes em ligações onde pedem ajuda financeira e em alguns casos até oferecem a divisão do prêmio de um bilhete premiado.

O último caso registrado em Rio Preto foi no início desta semana contra um aposentado de 83 anos. De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima recebeu a ligação de um golpista na noite de segunda-feira (dia 21) que se passou por um parente. Sobre o pretexto que estava com o carro quebrado em Fernandópolis, o estelionatário alegou que estava sem dinheiro em espécie e que o estabelecimento que realizou a manutenção do veículo não aceitava cheque ou cartão.

Acreditando estar ajudando um primo, o aposentado fez vários depósitos em duas contas bancárias. “Quando descobri que tudo não passava de um golpe, já tinha transferido cerca de R$ 17,9 mil”, disse.

Caso semelhante aconteceu com a professora N.H.S., 72 anos, no dia 14. Do outro lado da linha o interlocutor se dizia ser seu sobrinho e relatou automóvel apresentara problemas mecânicos em outra cidade. Justificando que o carro precisou ser guinchado e a empresa que prestou serviço de reboque não trabalhava com cartão e foi solicitado a vítima que fizesse um depósito de R$ 2 mil em uma conta corrente.

A vítima fez e no dia seguinte, o golpista entrou em contato novamente solicitando que a idosa fizesse mais dois depósitos, no valor de R$ 1,5 mil. Sem ainda desconfiar a professora seguiu até uma agência bancária e fez outros dois depósitos. Após fazer as transações, a vítima entrou em contato com familiares e descobriu que o sobrinho estava em Rio Preto e em momento algum havia deixado a cidade.

No mesmo dia que a professora registrou a ocorrência, o aposentando M.L.C., 84 anos, também procurou a polícia e relatou que havia perdido R$ 1,9 mil em golpe idêntico.

De bilhete premiado a cartão retido

Outra maneira que os estelionatários costumam agir contra idosos é aplicando o golpe conhecido como bilhete premiado. Um dos golpistas aborda a vítima e relata estar com problemas para sacar o prêmio milionário e pede ajuda. Durante o golpe, um segundo golpista entra em ação e também se oferece para ajudar. Prometendo um grande valor a vítima, desde que ela entregue um valor como garantia. No começo desta semana, o funcionário público E.B., 78 anos, foi abordado por um desconhecido que lhe ofereceu R$ 100 mil. O idoso chegou a entrar no carro do golpista e foi até o centro da cidade, onde entregou R$ 7 mil a dois estelionatários.

Ainda no carro, a vítima percebeu que tudo não se passava de um golpe, mas não reagiu, temendo pela sua segurança. Antes de ser liberada, próximo ao hospital Beneficência Portuguesa, os golpistas furtaram o celular do idoso.

Outro golpe também bastante comum na cidade, não só contra idosos, é quando o cartão bancário fica retido em uma caixa eletrônico e desconhecido orientam as vítimas a entrarem em contanto com um 0800 falso. Há dez dias, duas idosas tiveram seus cartões bancários retidos no interior do caixa eletrônico do Banco do Brasil. Ambas as vítimas entraram em contato com uma falsa central e após confirmar seus dados pessoais, inclusive senha, estelionatários desviaram R$ 20 mil nas duas ações. O golpe só foi descoberto no dia seguinte, quando as idosas consultaram os saldos das contas.

Segundo a polícia, é preciso muita atenção para não cair em golpe. Os familiares também devem orientar os idosos a não passarem seus dados pessoais nesses contatos por telefone ou pela internet. Sempre que for feita alguma oferta devem pedir para enviar por escrito para avaliarem adequadamente e não passar números de documentos ou do cartão.

O Estatuto do Idoso considera crime apropriar-se ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer rendimento do idoso (artigo 102); reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, provento ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida (artigo 104).

Também proíbe induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles dispor livremente (artigo 106); coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração (artigo 107).