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Número de famílias em favela de Rio Preto quintuplica em um ano

As condições dos barracos erguidos em um terreno particular invadido na Vila Itália são precárias e insalubres

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O número de famílias que fincaram raízes em uma favela na Vila Itália, em Rio Preto, quintuplicou em apenas um ano. Em maio do ano passado, cerca de 10 famílias ocupavam o terreno particular que fica ao lado do loteamento Santa Catarina, na região do Parque Industrial. Agora são mais de 50 famílias que vivem na comunidade. Com isso, a “Favela do Santa Catarina” conta com pelo menos 150 moradores. As condições são precárias e insalubres.

A maioria das famílias são de outras regiões e vieram para o interior do Estado de São Paulo em busca de emprego e melhor qualidade de vida. Entretanto, encontram imóveis com aluguéis caros e escalada do desemprego e da inflação. Este é o caso da dona de casa Maristele Ares Sonaque, de 30 anos, que veio do Mato Grosso do Sul, com o marido e os filhos. “Viemos em busca de melhores condições de vida. Quando chegamos à cidade, meu marido estava empregado e morávamos em uma casa alugada no Gonzaga de Campos. No início deste ano, ele foi demitido e não conseguimos pagar as contas. Isso sem contar que o dono do imóvel ia aumentar o valor do aluguel. Não tivemos outra opção”, afirma a dona de casa. No pequeno barraco construído de pedaços de madeira, Maristele mora com o marido e seis filhos. A mais velha tem 13 anos e a caçula, que nasceu na própria favela, tem apenas dois meses. “Não queríamos estar aqui. Não temos escolha. Meu marido está fazendo um teste em uma empresa e estou orando para ele conseguir. Vivemos de doações. São conhecidos que nos ajudam, senão nossa situação estaria pior. Mesmo com o bebê, nunca recebemos a visita de um assistente social”.

Outra moradora da favela é Maria Aparecida Mantovani Garcia, de 50 anos. Ela vive em um barraco de madeira de três cômodos com o marido dela e três filhos, sendo que dois são portadores de necessidades especiais. Recentemente o casal deu início a construção de outros três cômodos, que serão de tijolos. “Aqui estamos vivemos de incertezas. Não sabemos se amanhã conseguiremos construir nosso telhado ou se um trator virá derrubar tudo. Não existe conversa entre a gente e a prefeitura. Tudo está nas mãos da Justiça e de Deus. Temos fé que nenhum mal aconteça”, afirma dona Maria.

Basta uma volta pela favela para encontrar moradias construídas de pedaços de madeiras e tijolos com telhas de amianto. O banheiro, como na maioria das favelas brasileiras, é uma fossa construída manualmente.

“Eu e meu marido temos duas opções: pagamos aluguel de uma casa ou damos o que comer aos nossos filhos. Não tem milagre. Nossa matemática é bem simples. Não temos para onde ir, por isso estamos aqui. Se a Prefeitura ou a polícia nos tirarem daqui, vamos sair sem violência. Mas te perguntou: para onde nós vamos? Viver em um barracão de lona nesses dias frios? Vamos para debaixo de uma ponte? Sinceramente não sei te dizer”, questionou dona Maria, com os olhos carregados de lágrimas.

De acordo ainda com a moradora da “Favela do Santa Catarina”, cada dia surgem novos barracos no local. “Praticamente todo dia aparece alguém querendo construir um barraco aqui, pois não tem onde fica. Os alugueis estão muito caros. Alguns chegam aqui com fome e tentamos ajudar, não temos muito, mas sempre achamos um jeito de ajudar. Um dos problemas ultimamente é que muitas pessoas estão vindo aqui, cortando cercas e invadindo outros terrenos. Isso está causando um mal-estar entre prefeitura e proprietários de terras” explica.

Na manhã de quinta-feira (dia 5), funcionários da Prefeitura, com apoio da Guarda Civil Municipal (GCM), estiveram no local para apurar a denúncia de invasão de um loteamento pertencente ao município. Um dos moradores havia cercado um pequeno terreno para plantação de uma horta. Após ser comunicado, o morador retirou imediatamente a cerca.

 

Outro lado

O terreno onde surgiu a favela é de propriedade particular e os proprietários do terreno movem uma ação de reintegração de posse na Justiça. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, as famílias que moram no local estão cadastradas e podem participar de programas de moradias, desde que sigam as regras, como por exemplo ser morador da cidade a pelo menos três anos.  

A assessoria confirmou ainda que a fiscalização da Secretaria de Habitação esteve no local, na manhã de quinta-feira (dia 5), acompanhada da Guarda Civil Municipal, pois os invasores da área particular estavam iniciando uma horta na área pública, que fica ao lado. Eles removeram a horta. Por causa desses invasores a Prefeitura tem mantido agentes da Guarda Municipal 24 horas no local para evitar a invasão do terreno do município.  A área particular segue em litígio na Justiça.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Assistência Social informou que há dois anos vem realizando visitas às famílias daquele local, ofertando serviços como: cadastro no Programa Bolsa Família, Auxílio Nutricional, participação no Programa “Viva Leite”, retirada de documentos pessoais e, também, encaminhamento para as áreas de saúde e educação.

 

Créditos: Alex Pelicer/Gazeta de Rio Preto

Legenda: Maria Aparecida Mantovani Garcia mora com a família na “Favela do Santa Catarina”

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