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Médico rio-pretense participa de ações em Brumadinho

Pedro Batista Júnior e equipe de São Paulo foram os únicos civis autorizados a atuarem nos primeiros dias durante as missões de salvamento após o rompimento da barragem

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No dia 25 de janeiro, mais uma vez, o Brasil acompanhou o drama do rompimento da barragem de rejeitos controlada pela Vale na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais. Horas após a tragédia, equipes de socorro e voluntários se mobilizavam de vários pontos do Brasil e até de outros países para auxiliar nas buscas e salvamentos das vítimas. Entre esse time de voluntários estava o médico rio-pretense Pedro Batista Júnior que atualmente trabalha em São Paulo. Ele entrou em contato com as autoridades com o objetivo de deslocar uma equipe formada por profissionais, além de um helicóptero, até o local do acidente.

“Atuamos em um plano de saúde que tem no DNA esta pronta resposta em situações de grandes emergências. Temos um aparato e recursos que poucos meios públicos possuem. Então ao ver toda aquela situação fiz contato em alguns grupos. Questionei se havia a necessidade e da possibilidade de uma equipe civil de atuar no resgate. Foi quando recebemos a confirmação da necessidade de helicópteros. Na manhã do dia seguinte decolamos e fomos a primeira equipe civil autorizada a pousar na área de atuação dos helicópteros”, conta Pedro.

No local, a equipe que acompanhava o médico rio-pretense montou um hospital de campanha e os socorristas ficaram em prontidão. “Montamos uma operação extra, para justamente assim que tivesse algum paciente resgatado em estado grave poderíamos dar os primeiros atendimentos ainda no local para posteriormente encaminhá-lo para Belo Horizonte em nosso helicóptero, uma vez que as aeronaves do Corpo de Bombeiro e da Polícia Militar de Minas estavam configuradas para fazer os regastes”, afirma o médico.

Mas com o passar das horas, o cenário daquela tragédia começou a se desenhar, poucos de fato haviam escapado do mar de lama que ‘varreu’ tudo que estava pelo caminho. O número de mortos aumentava e as chances de sobreviventes era praticamente nulas. “O cenário é de catástrofe geral. Poucas pessoas resgatadas com vida e que não foram atingidas pela lama, um caso ou outro mais isolado, pois a maioria dos sobreviventes estava ilhada, pois, infelizmente os que estavam no trajeto desta onda de rejeitos morreram sem chance de resgate”.

No domingo, com a chegada das equipes da Força Aérea Brasileira (FAB) e aeronaves semelhantes a da equipe de Pedro, o médico e sua equipe encerraram as atividades e retornaram para São Paulo. A partir daquele momento, apenas as forças armadas passaram a atuar no resgate. No mesmo dia, 136 militares do Exército de Israel chegaram a Belo Horizonte para ajudar nas buscas.

Apesar da determinação, o rio-pretense confessa frustação da maioria das equipes de socorristas que estava trabalhando em Brumadinho. “Quando sobrevoamos a área afetada começamos entender a dimensão da tragédia. Era um sentimento de tristeza, pois sabíamos que tinha todos os equipamentos e recursos para salvar vidas a nossa disposição, mas as vítimas que eram localizadas já estavam em óbito. A angústia e tristeza foram de todos ali presentes, não tivemos chances nenhuma de salvá-los”, lamenta.

Resgate e rompimento

Até a publicação desta reportagem, na noite de quinta-feira, dia 31, as equipes de resgate confirmaram a morte de 99 pessoas pelo rompimento da barragem de Brumadinho, deste total, 57 identificadas. Ainda há 259 desaparecidos e outras 176 pessoas fora de casas. Também nesta quinta, quatro dias depois de chegarem ao Brasil as Forças de Defesa de Israel encerraram as participações e os soldados retornaram ao país. O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que entraram no rio Paraopeba. O mar de lama avançou sobre área administrativa da empresa e casas na área rural da cidade. Segundo o Ibama, pelo menos 270 hectares foram devastados, uma área é equivalente a 377 campos de futebol.

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