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Rio Preto: uma cidade que salva vidas

Em 2023, o Hospital de Base realizou 414 transplantes de órgãos e tecidos

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Fotos: Divulgação

O construtor civil Kenned Procópio Fernandes, de 29 anos, morador de Antônio João-MS, sentiu um desconforto em maio de 2023 e foi buscar ajuda. Encaminhado para a cidade de Dourados-MS, foi constatada uma anemia aplásica e iniciado o tratamento. A internação, de quase três meses, não obteve o resultado esperado, e o próximo passo seria o transplante de medula.

“Quando ainda estava no Mato Grosso do Sul, tive várias complicações, com sangramento nas duas retinas, onde quase perdi a visão, problema renal e infecção. Fui quatro vezes para a UTI. Mesmo mantendo o pensamento positivo, fiquei tão debilitado que, na última internação, cheguei a pensar que seria melhor Deus me levar, mas Ele me deu forças para passar por esse obstáculo”, relata.

Iniciou-se a busca pela medula e por um local onde pudesse ser feito o procedimento, através do SUS. A irmã de Kenned era 50% compatível e fez a doação.

“Vim para Rio Preto no dia 02 de outubro. Quando internei para o transplante testei positivo para covid, e tive que esperar. Recebi a medula no dia 22 de novembro e, no dia 09 de dezembro, tive alta hospitalar. Os médicos falam que foi um sucesso, que, provavelmente, estou curado. Agora temos que cuidar do pós-transplante, para não ocorrer rejeição. Graças a Deus está indo tudo bem”, comemora.

Ele segue em Rio Preto, com a mulher e a filha de 09 anos, até ter autorização para voltar à sua cidade, e agradece o acolhimento. “Fomos muito bem recebidos no HB, o pessoal é muito prestativo, explica como é o tratamento, e isso passa uma certa tranquilidade. Agradeço aos médicos e enfermeiros, fui muito bem tratado por todos.”

O construtor civil Kenned Procópio Fernandes

Em 2023, o Hospital de Base realizou 414 transplantes de órgãos e tecidos. Desse total, 174 foram transplantes de medula óssea.

Rio Preto foi minha ressurreição

Liliany da Penha Passos de Oliveira Fernandes, de 53 anos, descobriu o Crohn aos 25, quando ainda não se sabia muito sobre a doença. Iniciou o tratamento em sua cidade, Vitória-ES, e fez a primeira cirurgia em 1997, retirando um pedaço do intestino delgado. Foram duas décadas até conseguir uma saúde de qualidade.

Depois de uma crise muito severa, que a deixou internada por meses em 2016, com o abdômen aberto, uma amiga da sua mãe sugeriu que ela viesse para Rio Preto.

“Quando me vi no espelho, tão magra, pois sai dos 60 para os 35 quilos, eu chorei. Sabia que se pegasse uma infecção, não aguentaria. Foi Deus que me amparou. Tanto pedi, que ele me mostrou o caminho de Rio Preto. O Dr. Kaiser (Roberto Luiz Kaiser Júnior) foi uma benção na minha vida. Essa cidade foi a minha ressurreição, toda a minha alegria vem daí”, festeja Liliany.

Ela foi internada na Beneficência Portuguesa em junho de 2017, mas era preciso ganhar peso para poder operar. Depois de três meses seu abdômen foi fechado, e ainda teve que lidar com a rejeição da primeira tela, um enxerto, e um AVC hemorrágico.

“Fiquei no hospital até outubro e toda a equipe foi muito atenciosa. Hoje estou em remissão, consigo fazer minhas atividades do cotidiano, e sigo tomando uma injeção, que faz parte da prevenção do Crohn, para me dar uma boa qualidade de vida.”

Ela chegou sem conhecer ninguém, acompanhada da mãe, Marta, pois o marido precisava trabalhar. “Minha mãe ficou praticamente internada comigo, e quando fui para a UTI ela foi acolhida por pessoas que conheceu no hospital. Por isso eu tenho um carinho tão grande por Rio Preto e seu povo. Quando eu pensei que pudesse ser o fim, Deus colocou essa cidade maravilhosa nos meus olhos”, conclui.

Liliany da Penha Passos de Oliveira Fernandes

Nasceu e renasceu no mesmo dia

“Muitas vezes passou pela nossa cabeça que poderíamos acordar e não conseguir mais abraçá-lo. Existia um medo, mas quando saímos do aeroporto, em direção ao HCM, aquele peso começou a diminuir. Tivemos todo o suporte da equipe e sentimos que não estávamos mais sozinhos. Nossa alegria e esperança voltaram a partir do dia que pisamos em Rio Preto”, conta o farmacêutico Walteir Luiz Corrêa Ferreira.

Ele é pai de Luiz Felipe, hoje com 12 anos, que foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda, aos seis. A família, que é de Trindade-GO, percebeu algo de errado após o menino reclamar de dor no pescoço, em 2018.

Encaminhado para Goiânia, foi constada a doença e iniciada a quimioterapia. Já se falava na possibilidade do transplante de medula. A irmã dele, Maria Eduarda, uma possível doadora, não apresentou compatibilidade. O pai tinha 50% e foi o escolhido para fazer a doação.

Um ano com melhoras e pioras do quadro de saúde até surgir a vaga para o procedimento no HCM, que havia aberto a unidade pediátrica de transplante de medula.

“Chegamos dia 20 de outubro de 2019. O transplante estava previsto para o dia 05 de dezembro, mas ele teve uma crise de asma e adiaram para o dia 13, que é a data do aniversário dele. Eu internei no HB e a medula foi colhida no dia 12. No dia 13 ele recebeu o transplante. Hoje podemos dizer que está curado, graças a Deus e aos profissionais que encontramos pelo caminho. Todo dia 13 de dezembro ele comemora dois aniversários, o de nascimento e o de renascimento” celebra Walteir.

A família, que também tem Janslene, mulher de Walteir e mãe dos adolescentes, se sentiu tão bem na cidade, que ficou por aqui dois anos, mas questões profissionais, e a distância dos familiares, fez eles voltarem para Trindade.

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