Cidades
Casal de idosos é extorquido por criminosos e perde R$ 140 mil em RP
Ação dos suspeitos foi extremamente elaborada e perdurou por anos, culminando com ameaças de morte aos aposentados
Enganado por criminosos, casal de aposentados rio-pretenses perdeu cerca de R$ 140 mil. O golpe, que durou anos, foi registrado na delegacia pelas vítimas nesta sexta-feira (5). De acordo com o boletim de ocorrência, a manobra elaborada dos envolvidos começou – ainda em 2021 – com uma promessa de que a dupla, moradora do bairro Vila Bom Jesus, poderia receber muito dinheiro, podendo ajudar hospitais e instituições de caridade do município. A aposentada afirmou “que caiu no golpe por ter problemas de bipolaridade”.
Em depoimento, a idosa de 70 anos relatou que “em 2021 se inscreveu pela internet em um programa de assistência aos povos indígenas nacionais, que se dizia sustentado por fundos internacionais. Tempos depois, recebeu uma mensagem dizendo que havia sido escolhida para receber uma quantia inicial de US$ 1,2 milhão e que precisava colher algumas informações pessoais como nomes completos, telefone, endereço, entre outros, para que ela e o marido [72 anos] fossem credenciados em um banco”.
Ela seguiu o relato, afirmando que “após um período de hesitação, entendeu ser conveniente aceitar o convite, pois poderia ajudar hospitais, crianças carentes, institutos de cegos e idosos, como lhe foi assegurado. Os contatos se prolongaram até meados de 2023, quando mensagens chegaram afirmando que precisavam arcar com despesas de cartões bancários e outras finalidades que ela não entendeu”.
A ‘artimanha’ teve uma ação mais incisiva dos suspeitos a partir daí. Segundo a idosa, “chegou um contato por e-mail, na qual dizia que havia sido ‘encontrada’ uma caixa com dinheiro, endereçada a ela. Mas, para que fosse liberada, precisava pagar. Fez então três transferências bancárias, que somaram R$ 15.120 mil em favor de uma pessoa física [nome masculino]”.
Para receber a ‘tal’ caixa, no entanto, “precisava ir até a capital paulista. Viajou com o marido e se hospedou em um hotel em São Paulo, onde recebeu a visita de um homem, que disse que o dinheiro veio ‘envolvido em um pó e que necessitava de tratamento químico para limpeza das notas’. Mas, para tanto, ela precisava pagar a compra dos produtos a serem utilizados na referida limpeza. Voltou para Rio Preto, e, na casa deles, apareceram duas pessoas que portavam uma caixa metálica, alegando que o dinheiro estava dentro. Contudo, não haviam trazido as substâncias para limpeza e que deveriam enviar um químico para isso. Foram embora deixando a referida caixa trancada, sem entregar as chaves”.
Passados alguns dias a rio-pretense recebeu novo contato. Nele, os golpistas afirmavam que “haviam sido pegos em uma blitz próximo à Catanduva e que os policiais federais haviam apreendido um pacote com o pó branco que era destinado a realizar a limpeza do dinheiro. Como naquele pacote estava o nome dela, havia o risco dos agentes a envolverem nos fatos. O caso estava sendo tratado por uma advogada, mas que ela e o marido precisavam pagar os policiais porque eles eram corruptos, além de arcar com os honorários da advogada”.
Sem conseguir encontrar outra saída, a aposentada, “sentindo-se ameaçada fez um empréstimo bancário e mandou dinheiro aos estelionatários, efetuando depósitos para uma nova conta aleatória, de uma pessoa com quem sequer tiveram contato, totalizando novo prejuízo, agora de R$ 35 mil. A partir desse momento, o casal passou a receber várias ameaças de morte, quando percebeu que provavelmente estavam sendo vítimas de uma grande farsa”.
Eles saíram de Rio Preto, se hospedando-se em casa de parentes, cancelaram as contas telefônicas, trocaram os números dos celulares, deram fim aos chips antigos, a fim de cortar contato com os envolvidos. Quanto à caixa metálica, a idosa afirmou que “somente continha papeis em branco e tudo foi destruído e jogado no lixo”. Ela acrescentou que “sofre de quadro bipolar grave, tendo esta sido a causa principal de ter se tornado vítima dos fatos” e acrescentou à queixa atestado médico que comprova estado dela.
Toda a documentação foi encaminhada para o distrito policial correspondente a área dos fatos, local onde a Polícia Civil vai investigar o caso, registrado como ‘extorsão’. As vítimas foram orientadas quanto ao prazo de seis meses que têm direito a representar criminalmente (processar) contra os envolvidos, tempo que só passa a contar quando eles forem identificados.
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