Cultura
Companhia da região estreia espetáculo que une culturas japonesa e indígena
‘Contos que a Terra Dá’ traz o Kamishibai, o teatro de papel de origem nipônica, e referências do povo Kaingang

A Cia. Koi, de Lins, estreia o espetáculo “Contos que a Terra Dá”, cuja proposta é conectar as culturas japonesa e indígena, remetendo a indícios da construção da identidade do Oeste Paulista, região onde está sediada. Serão quatro apresentações online e gratuitas: nesta sexta-feira, 10 de junho, às 20h, focada em Birigui; sábado, 11, às 17h, voltada a Cafelândia, e 20h, a Lins; e domingo, 12, 17h, a Promissão. As transmissões serão pelo canal do YouTube da companhia.
As cidades foram escolhidas em razão de terem recebido famílias de imigrantes japoneses e em cujos territórios vivia o povo indígena Kaingang. Por acontecer na internet, pessoas de qualquer localidade podem acompanhar o espetáculo. O trabalho faz parte do projeto “Da Palha ao Papel – Caminhos de Encontro”, contemplado pelo ProAC Nº 36/2021, categoria Artistas Iniciantes, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
“Contos que a Terra Dá” parte da pesquisa continuada da Cia. Koi com foco no Kamishibai, o teatro de papel, técnica tradicional japonesa que utiliza pranchas ilustradas para narrar histórias. Todas as exibições serão ao vivo, diretamente do Museu Histórico de Lins, e seguidas de bate-papo da equipe artística com o público via chat sobre o processo criativo, em diálogo com o contexto histórico e cultural de cada município. Em Lins, além da transmissão online, haverá sessão presencial com público limitado.
Com concepção e criação de Andressa Giacomini e Deraldo, que também assina a direção artística, “Contos que a Terra Dá” parte de uma dramaturgia autoral, trazendo três contos tradicionais, dois do Japão e um dos Kaingangs, e inspirações sobre aspectos culturais desses povos.
As histórias tratam de valores culturais, da relação com a terra, a natureza e os seres fantásticos que permeiam tais imaginários e suas transformações, ganhando vida através do Kamishibai e manipulação de bonecos de papel (ambos de autoria da ilustradora e artista plástica Amanda Marques), de performances cênicas, paisagem sonora, figurinos e elementos cenográficos. A encenação busca oferecer espaços de silêncio para que o público reflita, complete o enredo, faça sua leitura e crie sua perspectiva sobre os elementos que a compõem e os significados das histórias.
“O projeto faz referência aos materiais simbólicos das duas culturas: à palha, nas comunidades indígenas, e ao papel, na história do Japão, elementos tradicionais e de uso comum, que, em suas tramas, imprimem histórias, se unindo em um mesmo território na iniciativa”, pontuam os integrantes da Cia. Koi. O trabalho parte da descoberta de um cemitério indígena por agricultores japoneses na cidade paulista de Promissão, que posteriormente foi escavado e suas peças identificadas e catalogadas pelo imigrante japonês Kiju Sakai (antropólogo e arqueólogo), na década de 1930, materiais que atualmente encontram-se na reserva técnica do Museu Histórico de Lins.
Para subsidiar a pesquisa, a Cia. coletou informações junto à comunidade nipo-brasileira de Lins, visando à compreensão da simbologia das histórias e do vocabulário do enredo. A trilha sonora, por Michel Umeki, Álvaro Alves e Giacomini, é composta por canções que têm como base o violão inspirado no instrumento popular japonês “shamisen”. Como apoio rítmico, elementos percussivos, de sopro e instrumentos não convencionais remetem ao contato com a natureza.
Diferentemente do Kamishibai tradicional, em que o palco das histórias normalmente é uma caixa de madeira, adaptada e acoplada a uma bicicleta, a escolha cênica para esse espetáculo parte de uma mala que remete à chegada de um viajante, imigrante ou nômade, que está sempre em movimento e pronto para partir, atravessando e sendo atravessado pelos encontros que o caminho oferece, trazendo consigo histórias a compartilhar.
O figurino mistura peças tradicionais do Japão como “yukata” e “geta”, em contraste com vestimentas ocidentais e adornos indígenas, como cocar, braçadeira e cinto.
Oficina
Encerrando o projeto, a oficina online “Do Papel à Cena”, conduzida pela artista plástica e ilustradora Amanda Marques, tem como objetivo a criação de um boneco articulado de papel. Cada participante construirá seu personagem, explorando as possibilidades de manipulação e trazendo vida ao mesmo nas histórias.
Será dias 20, das 13h30 às 16h30 (Lins); 21, das 9h às 12h (Birigui); 22, das 19h às 22h (Promissão); e 23 de junho, das 17h às 20h (Cafelândia). São 30 vagas por cidade e o link da atividade será fornecido às pessoas inscritas por e-mail. A atividade é aberta ao público em geral, sendo que o foco são educadores, artistas e agentes culturais, a partir dos 16 anos. Inscrições via formulário online disponível no site www.ciakoiartes.com.br.
A programação também envolveu uma série de bate-papos online acerca de temas que permeiam a produção. O projeto tem apoio das Prefeituras Municipais de Lins, Cafelândia, Promissão e Birigui e da empresa Alink.
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