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Filme biográfico sobre Bob Marley estreia no Multiplex do Riopreto Shopping

Artista levou o movimento rastafari para o mundo através do reggae e é tido como ícone dos direitos humanos

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Brasil de Fato/ Jewel Samad /AFP

Ao se apresentar em junho de 1980 na cidade alemã de Colônia, Bob Marley já estava abatido pela doença. Ainda assim, seu carisma fascinou os 8 mil espectadores. Sobretudo quando entoou sua Redemption song: totalmente só, sob o foco dos refletores, envolto pela nuvem de fumaça das centenas de baseados de maconha distribuídos entre o público.

Menos de um ano mais tarde, em 11 de maio de 1981, o cantor e compositor morria de câncer, aos 36 anos. Contudo suas ideias políticas e espirituais perduram até hoje e continuarão vivendo em sua música, pelo futuro adentro.

Marley levou o reggae e suas mensagens para o mundo de forma tão duradoura que esse gênero musical jamaicano hoje é tocado por toda parte, e a Unesco o declarou Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Em cartaz

O filme biográfico Bob Marley: One love, dirigido por Reinaldo Marcus Green e estrelado por Kingsley Ben-Adir já está em cartaz nas salas de cinema do Riopreto Shopping. Clique aqui e veja dias e horários.

Rastafari: escravidão, religião, esperança, dreadlocks, reggae

Aos 22 anos, Marley descobriu para si a religião rastafari. Ela é relativamente jovem: 2 de novembro de 1930, quando Haile Selassie 1º foi coroado imperador da Etiópia, é considerado o marco de sua fundação. O nome original de Selassie era Ras Tafari Makkonen: no idioma amárico, ras significa “príncipe”.

Seus seguidores viam nele a reencarnação de Jesus Cristo, como Deus vivo na Terra. Alguns anos antes, o ativista jamaicano Marcus Garvey (1887-1940) previra a coroação de um poderoso rei na África, que promoveria a libertação dos negros. Grande parte da crença dos rastafaris remonta à Bíblia, especialmente ao Velho Testamento.

Eles creem num retorno – também espiritual – à África, à terra prometida Etiópia. Os jamaicanos negros são descendentes de africanos escravizados, sequestrados e traficados para a América e o Caribe. Com auxílio de sua fé, os rastafaris buscam superar a ruptura cultural provocada pelo sequestro e escravização de seus ancestrais.

A meta é uma vida o mais natural possível, seguindo os princípios de amor e paz, e guiada pela justiça, unidade e igualdade, numa luta contra a Babilônia – como sinônimo do mundo ocidental, que tanta infelicidade trouxe ao povo africano. Mas para eles Babilônia também representa a Jamaica, onde os antepassados acabaram confinados como escravo

Estima-se que hoje o movimento mundial dos rastafaris reúna entre 700 mil e 1 milhão de adeptos, de todas as cores de pele, que rechaçam qualquer forma de subjugação humana, seja política, cultural ou religiosa.

Seus característicos dreadlocks – penteados em longas mechas de fios ásperos – têm como fim distingui-los das camadas superiores da sociedade. O tão enfatizado consumo de marijuana serve antes à expansão da consciência do que para inebriar, e não é parte integrante do rastafarianismo.

Com a ascensão de Bob Marley ao estrelato, também a música dos rastafaris ganhou palco mundial. O reggae nasceu na Jamaica da década de 1960, época em que distúrbios sociais dominavam e gângsteres geravam insegurança nas ruas. Reunidos nos assim chamados sound systems, DJs organizavam discotecas ambulantes, combinado estilos existentes como mento, ska, soul e jazz.

Marley contribuiu decisivamente para a evolução do reggae como gênero musical independente: o ritmo relaxado, porém propulsivo, se prestava idealmente para divulgar a mensagem de paz e amor. Apesar de conter bastante retórica religiosa, suas letras também têm os pés no chão, ao narrar os problemas de uma minoria discriminada, de guetos, escravidão e injustiça. Mas a fé rastafari atravessa as canções como um fio de Ariadne.

Bob Marley e seu canto de libertação

Hoje hino inoficial da Anistia Internacional, Get up stand up se originou na viagem de Marley ao Haiti, onde o chocou a miséria da população sob a ditadura de François Duvalier, o “Papa Doc”, que durou de 1957 a 1986. O texto exorta a confiar no próprio discernimento, a lutar pelos próprios direitos e não desistir.

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