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Governo zera imposto de importação de alimentos; mas impacto pode ser limitado

Para especialista de Rio Preto, o impacto da medida pode ser mínimo devido à força da produção nacional no agronegócio

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Reprodução/ Agência Brasil/ arquivo

Na tentativa de conter a inflação e aliviar os preços dos alimentos, o governo federal anunciou a redução a zero do imposto de importação para uma lista de produtos básicos, como arroz, feijão, milho, leite em pó e carne bovina. A medida, entretanto, é vista com ceticismo por especialistas, que apontam entraves logísticos e baixa relevância da importação desses itens para a economia nacional.

Para o despachante aduaneiro Márcio Marcassa Jr., de Rio Preto, a iniciativa pode ter um efeito reduzido ou até mesmo contrário ao esperado. “Zerar os impostos por um período curto pode ter um impacto muito pequeno para, de fato, baixar os preços dos alimentos. Na atual conjuntura, pode até haver um efeito contrário, pois passamos por um momento complicado nas importações”, avalia.

Ele destaca que, apesar da prioridade para produtos perecíveis, a burocracia na importação de alimentos continua sendo um obstáculo. “Os auditores da Receita Federal estão em greve há mais de 100 dias, os terminais estão abarrotados, o dólar segue elevado e os custos de transporte estão altos. Tudo isso leva a importações com custos finais de muita oscilação”, explica.

Além das dificuldades logísticas, Marcassa Jr. aponta que o impacto da medida pode ser mínimo devido à força da produção nacional no agronegócio.

“O Brasil é muito competitivo na produção de alimentos. Na carne, por exemplo, somos grandes exportadores. Além disso, produtos que vierem do Mercosul, como as carnes, já têm imposto de importação zerado. Essa ação me parece mais uma medida política e populista, com foco nas eleições do próximo ano”, opina.

O economista André Yano, assessor de investimentos de Rio Preto, também vê pouco efeito prático na medida. “Essa redução é vista como ineficaz por um motivo simples: com exceção do azeite, o Brasil já é um grande produtor e importa pouco desses alimentos. Não me parece que essas medidas vão trazer nenhum alívio significativo”, analisa.

André reforça que, ao invés de apostar na isenção de tributos sobre importação, o governo poderia buscar soluções estruturais para tornar a indústria e a cadeia produtiva nacional mais competitivas. “O governo estará abdicando de uma receita certa e rápida, que são os impostos de importação, ao invés de procurar uma solução de longo prazo”, complementa Marcassa.

A decisão de zerar o imposto de importação vem em meio a um cenário de alta nos preços de alimentos e pressão inflacionária. No entanto, sem a resolução de entraves logísticos e estruturais, especialistas alertam que a redução pode ter impacto limitado no bolso do consumidor brasileiro.

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