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Maioria dos assassinatos de jornalistas permanece impune, diz Unesco

Guerras provocaram aumento no número de crimes contra profissionais

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Reprodução/Reuters

A maioria dos assassinatos de jornalistas no mundo permanece impune, denunciou a Unesco, na última sexta-feira (1), em relatório divulgado no Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas.

Em mensagem sobre o Dia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, mencionou que o conflito atual em Israel e nos Territórios Palestinos está exercendo um impacto terrível sobre os jornalistas. Ele lembrou ainda de casos de profissionais assassinados porque investigam corrupção, violações de direitos humanos, tráfico e temas ambientais.

O chefe das Nações Unidas afirma que o número de prisões de repórteres é o mais alto de todos os tempos. Aumentam também ameaças e episódios de assédio online especialmente de mulheres como uma forma de silenciar jornalistas. Uma pesquisa da Unesco mostrou que 73% das profissionais da mídia entrevistadas afirmaram ter sido vítimas de violência na internet por causa do jornalismo.

Ao pedir mais medidas de proteção desses trabalhadores da mídia e da imprensa, Guterres lembrou que os Estados têm o dever de evitar e proteger jornalistas da violência. E que quem pratica um crime contra esses profissionais deve ser levado à justiça.

O Relatório da UNESCO

“Em 2022 e 2023, a cada quatro dias, um jornalista foi assassinado simplesmente por desempenhar seu trabalho vital para buscar a verdade. Na maioria desses casos, ninguém terá que prestar contas”, declarou a diretora-geral da organização da ONU, Audrey Azoulay, citada no documento.

Cerca de 85% dos assassinatos de jornalistas registrados pela Unesco desde 2006 são considerados não resolvidos, conforme o relatório. Diante dessa “taxa muito alta de impunidade”, a Unesco pediu aos Estados que “aumentem significativamente seus esforços”.

Segundo o relatório, que abrange os anos de 2022 e 2023, o México foi o país que registrou o maior número de crimes em 2022, com 19 casos. Logo atrás está a Ucrânia, onde nesse ano foram registrados o assassinato de 11 repórteres.

Em dois anos, 162 jornalistas assassinados

Ao longo dos dois anos cobertos pelo relatório da Unesco, 162 jornalistas foram assassinados. Quase metade trabalhava em países com conflitos armados. Em 2023, “no Estado da Palestina foi registrado o maior número de assassinatos: 24 jornalistas foram assassinados lá”, aponta o documento. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) admitiu a Palestina como membro de pleno direito em 2011.

O relatório destaca um “aumento no número de assassinatos em países em conflito”. Os repórteres locais “representaram 86% dos assassinatos relacionados à cobertura de conflitos”, estima. A organização ressalta, ainda, que “os jornalistas continuam sendo assassinados em suas casas ou perto de seus domicílios, o que expõe suas famílias a grandes riscos”.

Em outras áreas geográficas, a maioria dos jornalistas assassinados cobria “a criminalidade organizada, a corrupção” ou foram mortos “enquanto informavam sobre manifestações públicas”, acrescenta a organização. A Unesco também registrou dez assassinatos de jornalistas mulheres em 2022, mais do que nos últimos anos.

Entre as vítimas estão a mexicana María Guadalupe Lourdes Maldonado López, assassinada com um tiro na fronteira entre o México e os Estados Unidos, e a palestina Shireen Abu Akleh, morta em um bombardeio israelense enquanto cobria confrontos na Cisjordânia ocupada. (Com informações da ABI)

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