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Celso de Mello assiste ao vídeo que pode incriminar ou absolver Bolsonaro nesta segunda-feira, dia 18

Ele registra a reunião ministerial do dia 22 de abril. Moro diz que o conteúdo prova que Bolsonaro diz que vai interferir politicamente na PF; Mello pode abrir o sigilo parcial ou total do vídeo

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O ministro do Supremo Tribunal Federal, STF, Celso de Mello assiste na próxima segunda-feira, dia 18, vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, quando o presidente Jair Bolsonaro teria afirmado que ia intervir na Polícia Federal. A acusação foi feita dia 24 de abril quando o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça. Segundo Moro, Bolsonaro afirmou que ia demitir o delegado geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, caso não conseguisse mudar o superintendente no Rio de Janeiro.
 
Após as denúncias e a demissão de Sérgio Moro Jair Bolsonaro demitiu Maurício Valeixo e nomeou delegado geral Alexandre Ramagem, considerado amigo da família. Ele só não assumiu o posto porque uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, cancelou a nomeação e impediu a posse. 

As denúncias de Sérgio Moro levaram a Procuradoria Geral da República, PGR, a pedir um inquérito junto ao Supremo Tribunal Federal para apurar possíveis crimes cometidos pelo presidente da República, durante a reunião, e pelo ex-ministro Sérgio Moro. Cinco possíveis crimes estão sendo apurados. Após a abertura do inquérito, Celso de Mello requisitou junto à presidência da República o vídeo que registou as reunião, sem edição. Permitiu que as três partes envolvidas vissem a sua exibição integral.

Tiveram acesso os procuradores gerais da República, os advogados de defesa de Sérgio Moro e a Advocacia Geral da União, AGU, que defende o presidente Bolsonaro. Ao final, Celso de Mello pediu que o vídeo fosse periciado para saber se houve algum tipo de edição e anunciou que vai assisti-lo nesta segunda-feira. Após ver o vídeo ele vai decidir se levanta o sigilo judicial integral ao qual essa peça do processo está submetido, o sigilo parcial ou se mantém seu conteúdo inacessível. 

Moro afirma que no conteúdo do vídeo está a prova de que o presidente da República é incisivo ao afirmar que vai interferir na superintendência do Rio de Janeiro caso não consiga interferir no órgão naquele estado. Bolsonaro pretenderia que a PF não investigue denúncias contra seus filhos. O hoje senador Eduardo Bolsonaro e o vereador da capital fluminense, Carlos Bolsonaro. Se não puder, teria dito, mudaria a direção geral da Polícia e, em último caso, o chefe da estrutura, o ministro responsável (o da Justiça). Todas essas informações foram confirmadas pelas atitudes subsequentes do presidente às afirmações de Moro.

Polêmica

Antes do ministro do Supremo assistir ao vídeo a Advocacia Geral da União acabou trazendo a público trechos da exposição feita pelo presidente Bolsonaro sobre o assunto durante a reunião. Um dos trechos transcritos perla AGU confirma o que o ex-ministro afirmou ao deixar o ministério. Bolsonaro fala que deseja interferir na Polícia Federal. No entanto, o contexto da conversa, que pode provar ou inocentar o presidente, não foi divulgado. Aguarda-se portanto a posição do ministro Celso de Mello após ver o vídeo.

A defesa de Bolsonaro deseja que apenas a parte onde o assunto é tratado seja divulgada. Alega que outros trechos contêm informações de segurança nacional que não podem vir à público. A defesa do ex-ministro nega. Diz que apenas a divulgação de todo o conteúdo vai contextualizar as denúncias e provar que Sérgio Moro diz a verdade. Dizem os advogados que o vídeo contém ataques ao Supremo Tribunal, aos governadores e prefeitos e à China. 

Na semana que passou, além do vídeo, a Polícia Federal ouviu três ministro militares do presidente citados por Moro, três delegados da Polícia Federal e uma deputada federal. A partir de amanhã outros três delegados federais serão ouvidos e um deles, que depôs na semana anterior, vai refazer seu depoimento à pedido. Ao final do inquérito o Procurador Geral da República, Augusto Aras, vai decidir se arquiva o inquérito ou pede a abertura de uma ação judicial. Ela pode ser contra o presidente da República ou contra o ex-ministro Sérgio Moro. Ou ainda, contra os dois.

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