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‘Não basta falar de quantidade, precisamos falar da qualidade dos alimentos’

Ativista Bela Gil fala sobre os caminhos para garantir alimentação saudável no país

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Brasil de Fato

Quando você vai cozinhar seu prato preferido, com o que você tempera? Sal, pimenta, um cheiro verde que sua mãe te ensinou, porque a mãe dela fazia assim. Ou nada disso, na verdade, é só abrir o pacote e bota pra descongelar no micro-ondas? Essa questão expões uma guerra existente no Brasil entre comida de verdade e ultraprocessados.

Ou como diz Bela Gil, a “comida de panela” contra os “porcaritos”. Parece bobagem, mas segundo a cozinheira isso é determinante, afinal, o povo brasileiro está morrendo pela boca.

Quando você vai cozinhar seu prato preferido, com o que você tempera? Sal, pimenta, um cheiro verde que sua mãe te ensinou, porque a mãe dela fazia assim. Ou nada disso, na verdade, é só abrir o pacote e bota pra descongelar no micro-ondas?

Essa questão expões uma guerra existente no Brasil entre comida de verdade e ultraprocessados.

Ou como diz Bela Gil, a “comida de panela” contra os “porcaritos”. Parece bobagem, mas segundo a cozinheira isso é determinante, afinal, o povo brasileiro está morrendo pela boca.

“No Brasil, quando a gente fala de fome, é uma questão muito complexa, porque muitas vezes numa mesma família tem uma criança desnutrida e um adulto obeso. E por que isso se dá? A única resposta são os ultraprocessados, porque são produtos palatáveis, gostosos, fáceis de fazer, não demandam muito acesso a outras necessidades básicas, como água, por exemplo. Você só abre o pacotinho e come, não precisa cozinhar um feijão, por exemplo. Então, são muito baratos”, afirma a ativista ao programa Bem Viver.

Ela comemora a conquista de mais de 20 milhões de pessoas terem saído da situação de fome no país ano passado por meio da retomada de políticas extintas pela gestão anterior, como Programa de Cisternas, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Bolsa Família.

“Com essa conquista, eu vislumbro e tenho a esperança de que, ao final, por exemplo, desse governo, a gente consiga atingir essa grande conquista de tirar o Brasil do mapa da fome”, pontua Bela, que também reitera que é preciso que políticas públicas limitem o acesso a ultraprocessados, junto com incentivo à alimentação saudável. “Não basta a gente falar da fome e falar de quantidade de alimentos, a gente precisa falar da qualidade dos alimentos”.

Um dos caminhos apresentados pela ativista da alimentação, como ela se define, é a mudança na cultura alimentar. “A gente tem culturalmente essa noção de que uma criança só é feliz se ela tem acesso a essas porcarias, e a gente pode e deve mudar. Porque cultura, tradição, ela está em movimento, a gente pode mudar essa cultura”.

Apesar do preconceito com a alimentação saudável, para a apresentadora existe uma vontade das pessoas a terem acesso a tudo que se sabe que é melhor e saudável e é preciso garantir isso para quem faz a comida, geralmente, as mulheres pretas.

“A gente sabe que os produtos ultraprocessados estão matando as pessoas. Quase 60 mil pessoas morrendo por ano por causa dos produtos ultraprocessados. A comida de panela é uma forma de a gente prevenir essas mortes. Só que alguém tem que fazer essa comida e a gente sabe que normalmente são majoritariamente mulheres, mas na nossa sociedade, mulheres pretas. Então, não dá pra gente dissociar a pauta da alimentação da pauta do trabalho do cuidado, da economia do cuidado, do trabalho doméstico não remunerado. Essas duas pautas têm que seguir juntos”, explica Bela, que recentemente lançou o livro Quem vai fazer essa comida?, que traz esse assunto como pauta.

Para não perder o costume Bela Gil convida todo mundo a “reativar a memória ancestral” com uma receita de creme de manga com inhame, um alimento saudável, sem açúcar e que ainda incentiva a agricultura familiar.

“Quando a gente entende que pode ser mais fácil do que a gente imagina pegar um inhame, cozinhar rapidinho, bater no liquidificador com uma manga. Poxa eu consigo ter um inhame inserido na minha rotina no meu dia a dia e isso diz muito, porque a gente sabe quem é que cultiva inhame. A gente não tem um latifúndio de inhame, é uma produção campesina. Então acho que é a forma que a gente tem, principalmente, morando em cidade, morando em áreas urbanas, de conseguir alimentar essa luta pela não só reforma agrária, mas pela alimentação saudável e pela conservação do meio ambiente”.

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