Política
Decreto Estadual destina dinheiro do crime organizado para a segurança pública
Em quatro anos, operação contra a lavagem de dinheiro apreendeu mais de R$ 14 bilhões no estado
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assinou nesta quinta-feira (26) o decreto que regulamenta a destinação de recursos da lavagem de dinheiro apreendidos com o crime organizado para o fundo estadual de segurança pública.
Os bens e valores serão destinados ao Fundo de Incentivo à Segurança Pública para investimentos nas forças policiais do estado, como aquisição de equipamentos, aprimoramento de tecnologias e melhoria de infraestrutura.
Nos últimos quatro anos, a Polícia Civil identificou a movimentação de mais de R$ 14 bilhões provenientes do tráfico de drogas e outros crimes, segundo levantamento do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, avaliou que a medida tem o objetivo de desburocratizar a obtenção desses bens e valores apreendidos, que atualmente são destinados para um fundo nacional. “A gente vai utilizar o dinheiro lavado pelo crime organizado para investir em segurança no próprio estado”, destacou o chefe da pasta. “É um recurso que vai desafogar o tesouro estadual para investimentos em outras áreas, porque a segurança pública passa a ser autossustentável, transformando o dinheiro do crime e do tráfico em segurança para a população.”
O decreto estadual regulamenta a lei federal nº 9.613 de 3 de março de 1998, que dispõe sobre crimes de ocultação de bens. Cabia ao governo paulista autorizar a destinação dos ativos apreendidos — o que não havia sido feito até hoje em São Paulo.
Toda a estrutura que ampara o projeto foi elaborada por meio da criação do Núcleo de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Recupera-SP), subordinado à Delegacia Geral de Polícia.
Para o delegado do Grupo Setorial de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Larawance Tanikawa, o decreto representa uma das maiores inovações da última década. “Estamos gerando uma receita, um depósito de dinheiro nas contas do estado para conseguirmos mais estrutura, retirando esse valor diretamente do crime organizado. É um dinheiro que chegou nas mãos daquele investigado por meios ilícitos”, explicou. Com a publicação do decreto, o Tribunal de Justiça passará a destinar o recurso ao fundo estadual.
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