Política
Confira os bastidores da política desta sexta-feira, dia 28 de fevereiro
Jornalista Bia Menegildo traz as principais notícias do poder regional

Fantástico
O vice-prefeito Fábio Marcondes (PL) foi pauta no horário nobre da televisão brasileira e, como era de se esperar, não foi por um bom motivo. Marcondes foi flagrado pela equipe de reportagem da TV Tem em um ato de injúria racial, chamando um segurança de “macaco”. O fato, ocorrido na noite de domingo (23) foi digno de uma nota no Fantástico, da TV Globo, e ganhou as redes sociais na sequência.
Bombou
Depois que as cenas lamentáveis de Marcondes chamando o segurança do Palmeiras de “lixo” e “macaco” vieram à tona, a situação ficou tão insustentável que o vice-prefeito chegou a suspender o perfil no Instagram. No entanto, a chuva de comentários acusando Marcondes de racista nas redes sociais foi só o começo daquilo que virou uma crise política sem precedentes na história de Rio Preto.
Repercussão
O assunto se tornou grande não só por ter sido um ato racista, mas por ter sido cometido por um vice-prefeito eleito e ainda do PL. Marcondes é a cara da extrema direita em Rio Preto, um dos nomes do partido desde quando ainda era PR, vereador desde 2012, foi eleito para três mandatos, foi presidente da Câmara e chegou a assumir a Prefeitura interinamente antes de compor chapa com o prefeito Coronel Fábio Candido (PL).
Subliminares
Nos programas de esportes, comentaristas negros, em seus devidos locais de fala, chamaram a atenção para todos os detalhes das imagens. Marcondes vestia uma camisa do time do Mirassol com o número 22 nas costas, número do PL. O próprio vice-prefeito evidenciou o nome do partido que, mais tarde, o ignorou como presidente, colocando o deputado federal Luiz Carlos Motta (PL) à frente.
Perdeu
Marcondes, neste momento, deixa a Prefeitura pelas portas dos fundos, mesmo que provisoriamente. Na prática, ele se licenciou do cargo de vice-prefeito por licença médica e está exonerado do cargo de secretário de Obras. No entanto, Marcondes ainda tem a Secretaria de Governo, que fez questão de indicar Dinho Alahmar, a Secretaria de Esportes, com Klebinho Kizumba, e a Emurb, com o Gustavo Antônio da Silva.
Confuso demais
As notas oficiais sobre a retirada estratégica de Marcondes de cenário são um tanto confusas. Pela Prefeitura, é dito que ele está exonerado da Secretaria de Obras. Pelo próprio Marcondes, ele pediu exoneração. Porém, os bastidores dizem que a situação ficou insustentável diante das acusações de racismo. O prefeito teria tomado a frente e, em uma reunião de urgência, comunicou os vereadores que exonerou Marcondes.
“E agora, José?”
Interinamente, o secretário da Fazenda, Nelson Guiotti, assumiu a pasta de Obras. Claro que é uma solução provisória porque não falta gente de olho no posto que era de Marcondes. Um dos cotados seria Paulo Pauléra (Progressistas), mas parece que os ventos não sopram a favor dele, uma vez que uma das indicações teria partido do vereador da oposição Jean Dornelas (MDB).
Remunerada
Com a saída da Secretaria de Obras, Marcondes perdeu um salário bruto de R$ 20.010,59 e passa a ganhar R$ 14 mil, salário de vice-prefeito. O secretário de Governo não soube dizer se a licença é remunerada, mas ressaltou que é por alegados motivos de saúde, “então deve ser”. Aliás, Dinho não sabia dizer se o atestado tinha validade de dez dias. Parece que ele foi surpreendido com a informação de que a Prefeitura divulgou o prazo.
Foi avisado
Quem deve ter amanhecido sorrindo de orelha a orelha na segunda-feira (24) é o deputado estadual Itamar Borges (MDB). Na campanha eleitoral, ele explorou bastante o “comportamento explosivo” de Marcondes relembrando que o então vereador foi acusado de agredir uma mulher e de dar um tapa no rosto de um menor, usando até de dramatizações. Itamar foi bastante criticado na época.
Manifestações
Itamar fez questão de divulgar uma nota repudiando os atos de racismo cometidos por Marcondes. Carlão Pignatari (PSDB) e Danilo Campetti (Republicanos) também se posicionaram de forma a condenar a atitude. Já o deputado estadual Valdomiro Lopes (PSB), que estava com Marcondes um dia antes, e a secretária estadual de Esportes, Helena Reis, não se manifestaram.
Campo minado
A situação de Marcondes não melhorou um só instante no primeiro dia de repercussão do caso. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as denúncias do segurança do Palmeiras e o caso foi encaminhado para a delegacia seccional de Rio Preto. Até o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, se envolveu. A ordem é para agir de forma criteriosa, mas não é para pegar leve só porque é vice-prefeito.
Ação da Polícia Militar
Não foi só a Prefeitura de Rio Preto e Marcondes que não afinaram os discursos antes de lançar as notas. A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) também deu uma escorregada no posicionamento oficial. A pasta foi questionada sobre o caso e enviou uma nota padrão, informando que a Polícia Militar acompanhou o segurança até a delegacia de Mirassol para o registro da ocorrência.
De novo
Questionada mais uma vez sobre os motivos dos PMs não terem feito a prisão de Marcondes no momento das ofensas, a SSP disse que não houve situação de flagrante, mesmo com o vídeo mostrando toda a discussão viralizado e provando que havia ao menos três policiais próximos ao vice-prefeito. No dia seguinte, o comando da PM na região informou que abriu uma investigação interna para apurar a conduta dos agentes.
Reação
Claro que a Câmara de Rio Preto iria reagir ao assunto, uma vez que o centro das atenções passou a ser o vice-prefeito eleito, um agente público responsável por zelar pelo bom nome da cidade e que falhou miseravelmente na missão. João Paulo Rillo (PSOL) correu e fez uma moção de repúdio às falas racistas de Marcondes e acabou fazendo a situação virar mais um capítulo de polarização política.
Passada de pano
Dos 23 vereadores, 15 passaram o pano para a atitude de Marcondes (PL), na sessão da Câmara de terça-feira (25). Manifestantes presentes vaiaram, gritaram e caíram em provocações dos parlamentares durante a votação e as justificativas dos votos. Os vereadores demonstraram fidelidade a Marcondes, antigo colega de plenário, e surpreenderam um total de zero pessoas.
Chama ele
Abner Tofanelli (PSB) saiu do plenário no momento da votação da moção. No placar, ele foi um dos três ausentes. O fato não passou despercebido pelos manifestantes. O público cobrou a presença de Tofanelli em plenário e gritou pelo nome do vereador. Quando voltou, o jovem disse que, mesmo sem declarar e sem ter o voto computado, já havia se posicionado nas redes sociais. Pode parecer estranho, mas ninguém contestou.
Ostentação
Alexandre Montenegro (PL) desvirtuou completamente o assunto e partiu para um ataque ao presidente Lula (PT). Ficou tão confusa a justificativa dele que, em síntese, foi possível entender somente “picanha” e “café”. O vereador ainda achou que ostentou, levantando um pacote de café para o público. Independentemente do preço da bebida, seria muita inocência falar que com um salário de R$ 16,5 mil é difícil comprar café.
Gracinhas
Com uma plateia efervescente, claro que era esperado que os vereadores aproveitassem os holofotes. Bruno Moura (PRD) subiu na tribuna e começou o discurso: “quem nunca errou, que atire a primeira pedra”. A frase sem contexto levou os manifestantes a vaiarem. Aí, fingindo um nervosinho, o vereador se dirigiu aos presentes dizendo que atrapalharam o raciocínio dele. Depois, esclareceu que queria falar de Educação.
Teve mais
O jovem novato Felipe Alcalá (PL) também quis falar e acabou abafado pelos gritos em plenário. No entanto, era claro que ele provocava os manifestantes e ainda caia na risada enquanto o povo gritava. Ao invés de falar para defender ou acusar Marcondes, o vereador preferiu esperar a apuração dos fatos e disse que só posiciona depois de uma decisão da Justiça. Ele deu a entender que a apuração da Polícia Civil não vai adiantar muito.
Culhões
Nenhum vereador que foi contra a moção se posicionou de forma minimamente satisfatória. Ficou claro que defenderam Marcondes de mais um escracho público. Seguindo os advogados do vice-prefeito, é importante que o vídeo seja periciado. Até porque nada melhor que provas irrefutáveis. No entanto, considerar o contexto como relevante é como dizer que existe justificativa para chamar alguém de “macaco”.
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