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Saúde identifica 14 médicos fantasmas na rede pública

Relatório aponta registro irregular de ponto, ausência de atendimento e fraudes nas escalas

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Divulgação/SMCS

A Prefeitura de Rio Preto identificou 14 médicos fantasmas atuando em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e prontos-socorros da cidade. As irregularidades vieram à tona após denúncias recebidas pela Secretaria de Saúde em dezembro de 2024, quando a pasta ainda era comandada por Adilson Vedroni. As informações são da Folha de S. Paulo, que teve acesso exclusivo ao relatório da sindicância.

A investigação foi aberta em janeiro deste ano e resultou em um relatório de 90 páginas. O documento cita 22 médicos, mas aponta irregularidades graves cometidas por 14 deles. A análise se baseou na frequência dos profissionais entre outubro e dezembro de 2024.

Entre os 14 médicos investigados, três pertencem à administração direta, sendo um com vínculo duplo. Os demais foram contratados pela Funfarme (Fundação Faculdade Regional de Medicina), sob regime celetista, por meio de convênio com a Prefeitura, para atuação como clínico geral plantonista.

De acordo com o relatório, os profissionais registravam o ponto com crachá, mas deixavam as unidades sem realizar atendimentos. Em alguns casos, médicos batiam ponto para colegas. Há também indícios de que pessoas não habilitadas teriam atuado como médicos, com autorização da responsável pelas escalas.

A sindicância ainda apontou outras práticas irregulares, como a chamada “operação tartaruga”, que consiste na redução deliberada do número de atendimentos por hora. Também foi relatada a proibição da emissão de atestados médicos em consultas presenciais, sendo esses liberados apenas por meio do serviço TeleUPA.

Três servidoras públicas foram citadas no relatório. Uma delas pediu exoneração durante a investigação. As outras duas são alvo de processo administrativo disciplinar, que pode resultar em suspensão ou exoneração. Uma médica já foi afastada por estar envolvida em outro processo.

Atualmente, cerca de 1.350 profissionais de saúde atuam em Rio Preto por meio da Funfarme, sendo aproximadamente 400 médicos.

Segundo a Prefeitura, com base no relatório da sindicância, foram determinadas as seguintes ações: abertura de processo administrativo contra as servidoras estatutárias envolvidas; comunicação ao Cremesp para apuração ética dos médicos citados; pedido de inquérito policial contra a presidente do Sindicato dos Médicos, suspeita de incentivar a “operação tartaruga”; instalação de câmeras de segurança próximas aos relógios de ponto nas unidades de saúde; e proibição expressa da divisão de plantões médicos entre profissionais.

Em nota, a Prefeitura informou que todas as providências legais já foram formalizadas por meio de portaria. Até o momento, não há novos posicionamentos sobre o caso.

Por meio de nota, a Funfarme, mantenedora do Hospital de Base (HB), informou que não teve acesso ao conteúdo da sindicância, tampouco participou da referida apuração. “A Funfarme ressalta ainda que não foi oficialmente comunicada pela Prefeitura de Rio Preto e que aguardará ser cientificada do conteúdo da sindicância para tomada de providências internas”, afirmou a instituição.

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