Política
Rio-pretense é um dos indiciados em inquérito da PF
Investigação aponta uso da Abin para monitoramento de opositores durante governo Bolsonaro; relatório foi enviado ao STF

A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito que apura o uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem de adversários políticos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em um caso que ficou conhecido como “Abin paralela”. O relatório foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e está sob sigilo.
Entre os 35 indiciados estão o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin; o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente; e o delegado federal Alessandro Moretti, filho do ex-secretário de Governo de Rio Preto, Jair Moretti. Moretti, que foi diretor-adjunto e chegou a comandar a Abin interinamente no fim de 2023, também ocupou cargos de chefia na Polícia Federal durante o governo Bolsonaro. Ele é acusado de tentativa de obstrução das investigações.
A investigação respinga inclusive na atual gestão da agência. Luiz Fernando Corrêa, nomeado diretor-geral da Abin pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também foi indiciado. Segundo o relatório da PF, houve conluio entre a atual e a antiga cúpula da Abin para impedir a revelação dos monitoramentos ilegais.
Mais de 60 mil acessos ilegais
A operação da PF identificou o uso sistemático do software “First Mile”, desenvolvido por uma empresa israelense e capaz de rastrear celulares, para espionagem de opositores políticos. Estima-se que o sistema tenha sido acionado mais de 60 mil vezes entre 2019 e 2023, com pico de uso em 2020, ano de eleições municipais.
Entre os alvos da espionagem ilegal estariam ministros do Supremo Tribunal Federal, como Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, além de políticos como o ex-governador João Doria e os ex-presidentes da Câmara Rodrigo Maia (União-RJ) e Arthur Lira (PP-AL).
Aparato paralelo e gabinete do ódio
Segundo a PF, a estrutura da Abin foi utilizada por um núcleo paralelo voltado à produção de informações para atender a interesses pessoais e políticos do ex-presidente Bolsonaro e de seus aliados. As atividades envolviam, além do monitoramento ilegal, a produção de dossiês e o apoio ao chamado “gabinete do ódio”, grupo que atuava na disseminação de fake news e ataques a adversários nas redes sociais. O grupo seria coordenado por Carlos Bolsonaro.
Operações e acusações em andamento
A Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023, revelou o uso irregular do software espião. Em janeiro deste ano, novos desdobramentos levaram à Operação Vigilância Aproximada, com mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Ramagem.
Tanto Bolsonaro quanto Ramagem já são réus no STF por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa a dupla de aparelhar a Abin para criar dossiês contra o sistema eleitoral brasileiro.
Alessandro Moretti deixou o cargo de diretor-adjunto da Abin em janeiro de 2024 e prestou depoimento à PF em abril. Em nota divulgada à época de sua exoneração, alegou ter sido o responsável por iniciar as investigações internas sobre o uso do software espião. A reportagem tenta contato com o ex-diretor.
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