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Extremidades frias: quem deve preocupar-se com este sintoma?

Artigo escrito pelo Prof. Dr. Sthefano Atique Gabriel

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Dentre os motivos que estimulam o paciente a buscar o atendimento médico, a queixa de “extremidades frias” ocupa posição de destaque, em especial na população idosa. Geralmente acompanhada de dor, falta de sensibilidade ou formigamento, a frialdade nas mãos e nos pés representa um sintoma importante, que pode ser decorrente de doenças clínicas que merecem avaliação cuidadosa.

Durante o inverno, a queda dos níveis térmicos inevitavelmente afeta nosso sistema circulatório, provocando um fenômeno conhecido como “vasoconstrição periférica”, que caracteriza-se pelo fechamento temporário ou diminuição da luz arterial. Desta maneira, o aporte sanguíneo para nossas extremidades é reduzido e como consequência desta reação orgânica, observamos que o menor fluxo sanguíneo para as extremidades resulta em menor temperatura das mãos e dos pés.  

 Em pessoas jovens, que não apresentam comprometimento do sistema circulatório, a sensação de frialdade nas extremidades pode ser controlado com o aquecimento do membro, a partir do uso de meias de lã e de luvas confortáveis. Exercícios físicos e alongamentos com os pés e as mãos auxiliam na manutenção da temperatura local.

 O maior problema ocorre quando a extremidade fria acomete os pacientes idosos. Geralmente, o envelhecimento é acompanhado por comorbidades, como alterações circulatórias e cardiopatias. A presença de frialdade nas mãos e nos pés em pacientes idosos, cardiopatas e com alterações circulatórias já conhecidas pode ser a primeira manifestação da isquemia arterial aguda.

A isquemia arterial aguda é definida como a interrupção súbita da circulação, com possível comprometimento da viabilidade do membro. Os pacientes que já sofreram infarto do miocárdio, derrame ou que estão em tratamento medicamentoso da “má circulação” estão mais predispostos a isquemias arteriais nas mãos e nos pés, que pode ser exacerbada pela queda de temperatura e pela vasoconstrição.

A queda de temperatura reduz o fluxo de sanguíneo para as extremidades aumentando as chances da trombose arterial. O tratamento da trombose arterial pode até mesmo exigir procedimento cirúrgico de urgência para o restabelecimento do fluxo de sangue para as extremidades.

 O uso de roupas apertadas e a colocação dos pés em conteúdo com altas temperaturas, como água quente ou fervente, é contraindicado. Na presença de extremidades frias, acompanhada de dor, alteração de sensibilidade e mudança na coloração das mãos e dos pés, a avaliação com o cirurgião vascular é fundamental.

 

Prof. Dr. Sthefano Atique Gabriel. Doutor em Pesquisa em Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, especialista nas áreas de Cirurgia Vascular, Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular e coordenador do curso de Medicina da União das Faculdades dos Grandes Lagos (Unilago). 

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