Saúde
Qual o melhor antídoto para ansiedade: medicamentos ou atividade física?
Artigo escrito pelo Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel

A pandemia da Covid-19 pode até ter melhorado, mas existe uma outra pandemia que ultrapassa os limites do tempo, persistindo bravamente na vida das pessoas e causando muitas mazelas: a pandemia da ansiedade.
Deveríamos parar para observar o ritmo frenético da vida em uma metrópole ou em um ambiente corporativo; ficaríamos verdadeiramente assustados com a pressa e agitação das pessoas. As pessoas estão se cumprimentando menos, conversando menos e se isolando mais. Tudo isto acontece sem que estas pessoas percebam; ansiedade para entregar algo, para cumprir algo e para chegar na hora certa em algum lugar, fazem destas pessoas verdadeiros robôs, cujo comando é ansiedade pura.
Neste mês de outubro de 2022, o Departamento de Saúde e Questões Humanas dos Estados Unidos estabeleceu duas importantes recomendações: triagem de casos de ansiedade em crianças de oito anos ou mais, mesmo que estas não tenham sintomas aparentes e triagem de casos de ansiedade em adultos de 64 anos ou menos. No caso do público infantil, o propósito seria identificar precocemente os casos de ansiedade e começar a criar protocolos de intervenção para isto, seja por meio de medicamentos ou outras medidas. Para a população adulta, a ideia seria identificar aquelas pessoas que ainda insistem em mascarar os sintomas ou até mesmo pessoas que ainda não sabem que seus sintomas estão diretamente relacionados com ansiedade. Esta análise já revelou um dado alarmante. Cerca de 10% da população norte-americana apresenta sintomas de ansiedade típica mas desconhece completamente seu próprio diagnóstico.
No mundo todo, o que mais se observa é o crescimento da produção de medicamentos para tratamento da ansiedade. Poucas ou insuficientes ações estão sendo implementadas para abordar os diferentes gatilhos da ansiedade. Em outras palavras, nota-se o tratamento da consequência predominando sobre as medidas preventivas acerca das causas e gatilhos.
No período anterior a pandemia da Covid-19, cerca de 11% da população norte-americana consumia medicamentos para ansiedade. Os efeitos da pandemia para a saúde mental elevaram esta taxa para 40% da população norte-americana. Paralelamente, a necessidade de produção destes medicamentos acompanhou este escalonamento, com cifras extraordinárias de 360 bilhões de dólares ao ano para manutenção da demanda de tantas prescrições de ansiolíticos.
Considerando que a pandemia do coronavirus agregou duas situações negativas ao comportamento humano – o isolamento social associado a maior dependência das telas (televisão, computador e phones) e a falta de atividade física, os seres humanos se tornaram mais sedentários, mais tecnológicos, mais antissociais e, inevitavelmente, mais ansiosos.
Sabem qual o grande problema? Estamos vivendo sequelas da pandemia, mas os gatilhos para ansiedade não dependem exclusivamente da pandemia. No Brasil, por exemplo, dia 30 de outubro será dia de eleições para presidente e governador, e temos consciência plena sobre a carga de ansiedade que gira em torno desta decisão política e do futuro do país. Desta forma, o que é mais fácil: correr até nosso quarto e tomar aquele comprimido ansiolítico ou seguir algum protocolo de atividade física com efeitos ansiolíticos?
Talvez estejam faltando mais investimentos públicos para contenção da pandemia da ansiedade por meio do incentivo da atividade física. Certamente as pessoas também têm sua parcela de culpa, pelo comodismo, sedentarismo, fixação quase que doentia pelas telas e por negligenciar que seu custo de vida está cada vez mais alto quando priorizam medicamentos ansiolíticos ao invés dos exercícios físicos ansiolíticos.
Qual o melhor antídoto para ansiedade? Primeiramente identificar precocemente os sintomas, começando pelas crianças em idade escolar. Na sequência, ao invés de viver abrindo caixas e mais caixas de medicamentos, por que não suar a camisa um pouco mais? O exercício físico ansiolítico é mais saudável e mais barato.
Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel. Cardiologista com especialização em Cirurgia Cardiovascular, orientador de Nutrologia e Longevidade e coordenador da Faculdade de Medicina da Unilago.
www.drgabrielcardio.com.br
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