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Beleza, saúde e mercado de trabalho

Artigo escrito pelo Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel

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O conceito de beleza é algo difícil de se determinar, pois existe a opinião particular de cada pessoa, existem questões culturais de cada região ou de cada país e, também, sabemos que historicamente este conceito passou por muitas transformações. Muito possivelmente as futuras gerações irão conhecer novos modelos e padrões de beleza, talvez bem diferentes dos padrões da atualidade.

Quando invadimos o belíssimo universo das artes, nos deparamos com um modelo de beleza, ora abstrato, ora concreto, sem conseguirmos estabelecer critérios para dizer quem é o mais belo.

Mas, já de imediato, quero deixar a primeira questão: realmente precisamos definir quem é o mais belo? Ou melhor – temos a obrigação, em qualquer circunstância de nossas vidas, de estabelecer esta hierarquia da beleza?

Esta discussão visa chegar a um ponto muito importante: podemos estar confundindo beleza com aparência. E esta confusão pode ser injusta com qualquer um de nós, especialmente no que se refere a nossa saúde e o mercado de trabalho no qual estamos inseridos ou pretendemos estar inseridos num futuro breve.

Sabemos que o modelo de beleza, nos dias atuais, é muito influenciado pelas redes sociais e pela televisão. Há quase que uma hipnose diante de imagens corporais “perfeitas “, embora saibamos que imagens podem ser aprimoradas, trabalhadas digitalmente e adequadas ao propósito em questão. Estas imagens, por não refletirem a realidade, não podem representar a verdadeira aparência ou essência de uma pessoa. Mais do que isto, uma pessoa jamais poderia ser desqualificada ou subestimada, por estar fora deste padrão de beleza digital e irreal.

Onde quero chegar com estas observações? A uma constatação de que o mercado de trabalho pode estar priorizando beleza, no tocante a contratações, nivelamento salarial e reconhecimento profissional, deixando de lado uma boa aparência e a legítima essência.

Não se discute que ter uma boa aparência pode ser o retrato de um estilo de vida saudável, uma boa alimentação, horas adequadas de sono, controle do nível de estresse e dedicação à prática de atividades físicas. Na área profissional, também sabemos que uma boa aparência pode resultar em maior carisma, em maior capacidade de persuasão para fechar um negócio e e maior credibilidade para apresentar e defender um determinado produto.

Vejam que aparência adequada não necessariamente implica em um padrão digital de beleza, em um padrão “instagramavel” de beleza. Tantos homens e mulheres têm sido vítimas deste padrão digital de beleza e acabam sofrendo muitas injustiças e preconceitos em relação ao reconhecimento profissional.

A pesquisadora canadense Emily Dick aponta mais dois aspectos alarmantes: pessoas obesas têm sido consideradas feias e recebem um salário menor em relação a pessoas de peso normal; as crianças de 3 anos de idade já estão apresentando problemas de autoestima devido à pressão exercida por imagens corporais em redes sociais e televisão.

Precisamos, portanto, rever alguns conceitos e saber que existe uma grande diferença entre aparência adequada, saúde baseada em estilo de vida e padrões artificiais de beleza digital. O reconhecimento profissional exige uma boa apresentação e uma boa postura, mas não pode ser refém de peso corporal e padrões digitais de beleza.

Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel. Cardiologista com especialização em Cirurgia Cardiovascular, orientador de Nutrologia e Longevidade e coordenador da Faculdade de Medicina da Unilago.

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