Saúde
Trepanação: entenda o procedimento cirúrgico feito no crânio de Lula
Médica especialista explica como o procedimento, que permite furos no crânio, é realizado e se oferece riscos

A recente cirurgia de trepanação realizada no presidente Lula despertou interesse e dúvidas sobre o procedimento, que precisou ser feito após a formação de um coágulo na cabeça após ele ter sofrido um acidente doméstico em outubro.
De acordo com o último boletim médico divulgado pelo Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o presidente está sob cuidados semi-intensivos, segue lúcido e orientado. Lula também se alimentou normalmente e realizou caminhada pelos corredores da instituição. O Hospital informou que ele continua sob acompanhamento da equipe médica liderada pelo Prof. Dr. Roberto Kalil Filho e pela Dra. Ana Helena Germoglio.
Mas o que é este procedimento cirúrgico que permite a abertura de um ou mais furos no crânio do paciente? Em quais casos é indicado? Quais são os avanços na técnica e como a tecnologia tem tornado o procedimento mais seguro e eficaz?
A médica Laís Fajardo Ramin, especialista em neurorradiologia e radiologia de cabeça e pescoço do Ultra-X, de Rio Preto, explica os detalhes.
“Os sangramentos intracranianos podem variar significativamente em localização, causas e gravidade, sendo divididos em dois grupos principais: intraparenquimatosos, que ocorrem dentro do tecido cerebral, e os extra-axiais, que envolvem espaços entre as meninges, as membranas que revestem o cérebro. Essas meninges, da mais interna para a mais externa, são a pia-máter, aracnoide e dura-máter.”, explica a especialista.
“Entre os sangramentos extra-axiais, destaca-se a hemorragia subaracnoide, que ocorre entre a pia-máter e a aracnoide, no mesmo espaço onde circula o líquor. A principal causa não traumática é a ruptura de aneurismas, que pode resultar em hemorragias volumosas e de alta gravidade. O hematoma epidural, por sua vez, localiza-se superficialmente à dura-máter, geralmente causado por traumas com fratura craniana que lesionam artérias meníngeas. Esse tipo de sangramento apresenta alta pressão e exige intervenção rápida.”, afirma.
A médica Laís Ramin ainda explica que “o hematoma subdural, que ganhou atenção recentemente devido ao caso do presidente Lula, ocorre abaixo da dura-máter, entre ela e a aracnoide. É frequentemente associado a traumas como quedas e acidentes, que podem romper veias do espaço subdural. Em idosos, a atrofia cerebral aumenta o espaço subdural, tornando-os mais suscetíveis, mesmo com traumas leves. Fatores como uso de anticoagulantes e consumo abusivo de álcool também elevam o risco.”.
O diagnóstico desses sangramentos é feito por tomografia computadorizada ou ressonância magnética. No entanto, pequenos hematomas podem não ser detectados inicialmente e, em muitos casos, são reabsorvidos espontaneamente. Ainda assim, é crucial o acompanhamento médico, pois há risco de aumento progressivo da coleção de sangue, o que pode levar a sintomas como dor de cabeça, confusão mental e, em casos graves, alterações de consciência.
“Quando o hematoma cresce e exerce pressão sobre o tecido cerebral, o tratamento envolve a trepanação, procedimento que consiste em criar um orifício no crânio para drenar o sangue acumulado. Apesar de ser uma técnica milenar, hoje ela é realizada com alta precisão e segurança, sendo essencial para aliviar a pressão intracraniana e evitar danos permanentes. Os sangramentos intracranianos são sempre situações graves, requerendo atendimento imediato. O avanço das técnicas diagnósticas e dos tratamentos aumentou significativamente as chances de recuperação, mas o tempo continua sendo um fator decisivo. Reconhecer sintomas precocemente e buscar assistência médica adequada são passos fundamentais para salvar vidas e preservar a função cerebral.”, alerta a médica.
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