Saúde
Sensação de angústia no peito: o que é e o que fazer
Artigo escrito pelo Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel

Em minha rotina de consultório, tenho me deparado com pessoas que apresentam uma queixa relativamente frequente: a sensação de angústia no peito. Também tenho notado que a pandemia do coronavírus desempenhou um papel destacado na ocorrência desse sintoma.
De qualquer forma, quando a pessoa me procura com essa queixa, ela realmente não está bem. Está aflita, agitada e inconformada por não entender o que está acontecendo. Paira no ar um certo grau de desespero, tendo em vista a possibilidade de um infarto como explicação para aquele quadro.
Essa sensação de angústia no peito se manifesta por meio de alguns sintomas, como palpitações, falta de ar, dor no peito e um certo formigamento na região torácica. Todos esses sintomas, cada qual em sua intensidade, geram um turbilhão de tensão e preocupação na cabeça dessa pessoa, a ponto de ela procurar desesperadamente um cardiologista ou uma emergência hospitalar.
Não há como negar que os sintomas dessa angústia no peito se confundem com o quadro de um possível infarto. Não é exagero dizer que a pessoa que apresenta esses sintomas pode entrar em pânico diante do medo de “estar morrendo”.
Mas, afinal, o que seria então esse quadro de angústia no peito? Em geral, ele decorre de uma grande instabilidade emocional, uma nítida dificuldade de estabilizar sensações como medo, ansiedade, frustração e impaciência. Nossa região torácica, sobretudo os músculos peitorais, pode ser acentuadamente atingida pelos impactos dessa instabilidade emocional. Além disso, muitas terminações nervosas – externas e internas – dessa região podem ser intensamente estimuladas diante de tais sentimentos negativos, ocasionando sintomas muito semelhantes aos do infarto.
Então, poderíamos descartar o infarto em todas as situações nas quais essa sensação de angústia no peito estiver presente? Claro que não. Na medicina, nada é tão exato quanto possa parecer. No entanto, também não podemos solicitar um cateterismo cardíaco ou indicar uma cirurgia cardiovascular para todas as pessoas que estejam enfrentando essa angústia.
Diante dessa sensação de angústia no peito, principalmente quando o quadro for recorrente na rotina de uma pessoa, a primeira recomendação é não tentar esconder os sintomas e sofrer solitariamente. Não se deve ter vergonha de comentar com alguém próximo e buscar ajuda especializada, preferencialmente multiprofissional.
A segunda recomendação é buscar um entendimento concreto sobre o que está acontecendo, ou seja, fazer uma autoanálise para determinar o que pode ter iniciado todo esse processo, em quais situações essa sensação aparece com maior intensidade, quais as características dessa dor no peito (queimação, aperto, formigamento), se há relação com algum esforço físico; enfim, tentar, de alguma forma, traduzir essa sensação estranha em elementos mais esclarecedores.
Essas duas recomendações devem ser complementadas por uma avaliação médica criteriosa, com a realização de exames para diferenciar os possíveis diagnósticos e a seleção de algumas modalidades terapêuticas, sejam elas medicamentosas ou não.
O mais importante é não deixar de se expressar para o médico, relatar tudo em detalhes e não ter vergonha de falar a verdade. Essa sensação de angústia no peito não é irrelevante, não deve ser subestimada e precisa de uma abordagem séria para garantir que o aspecto emocional seja controlado e que qualquer possibilidade de um infarto seja efetivamente descartada.
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