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Empreendedores ‘transformam’ crise em oportunidades

Às vésperas do Dia do Trabalho (1º de Maio), a Gazeta de Rio Preto traz um especial com três empreendedores que não se curvaram diante das turbulências econômicas e traçaram rota de sucesso no mundo dos negócios em Rio Preto

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Inspirados pelo pensamento do famoso cientista Albert Einstein que afirmava que “a crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos”, empreendedores de Rio Preto apostam cada vez mais em inovação, criatividade, preços atrativos e atendimento personalizado para driblarem as incertezas econômicas.

O empresário Marcelo De Lalibera, da unidade local do Fran´s Café, no bairro Redentora, em Rio Preto, resolveu neste mês ampliar o cardápio do estabelecimento – considerado um dos pontos de encontros mais tradicionais e movimentados da cidade – com deliciosos pratos para o almoço. Os preços das novas opções gastronômicas, a partir de R$ 16,90, também têm agradado em cheio a clientela, tendo em vista o aumento do movimento por volta do meio-dia nos últimos dias. Ainda segundo o empresário, que adquiriu a unidade do Fran´s Café no ano passado ao lado da empresária Michelle Dias, foi necessário focar no atendimento, na capacitação da equipe e manter um controle rígido na qualidade e armazenamento dos produtos para superar os tempos de crise. “Fazemos questão de acompanhar de perto todo o andamento e a evolução do negócio, por meio de uma gerência participativa”, afirma ele, que acredita que essa seja “a receita” para se destacar no mundo dos negócios.

Diante de um exército de empresas que têm enxergado as dificuldades financeiras como berço para bons negócio está a Partmed Saúde e Medicina, rede de franquias de clínicas médicas populares. A unidade em Rio Preto comemora dois anos de atuação na área da saúde e, segundo a diretoria administrativa da Partmed, Cristiana Zahr, tem se destacado por oferecer qualidade no atendimento e preços atrativos para quem não possui um plano de saúde. “Hoje em dia uma consulta particular custa em média R$ 300. A Partmed não atende planos. Somos especialistas em medicina particular e essa exclusividade faz com que os nossos valores sejam inferiores a R$ 100”, afirma.

Questionada sobre como driblar a crise, sem deixar de manter a excelências nos serviços e atendimento, Cristiana afirma que é necessário um trabalho de gestão de qualidade. “O cliente atualmente não está disposto a pagar duas vezes. Temos de sempre pensar na inclusão, trazer para o mercado serviços e produtos que até então estavam fora de alcance da maioria da população, além de agilidade nos processos, desde a chegada do consumidor no local até a entrega do serviço ou produto”, afirma a diretora administrativa da Partmed, em Rio Preto.

Fidelização

O empresário João Gilberto Pinheiro de Almeida, que é proprietário da Deusi Móveis e Decorações – empresa que está há pelo menos 25 anos no mercado – afirma que ao invés de pessimismo, nestes momentos de turbulência é preciso traçar estratégias como redução de custos, aumentando a eficiência organizacional, além de repensar a cesta de produtos e preços competitivos.

O empresário afirma ainda que um dos principais ingredientes para uma receita de sucesso é o bom atendimento. “A fidelização dos clientes é de extrema importância. Esse é o ponto crucial porque o cliente quer ter qualidade assegurada e preço acessível”, afirma ele, ressaltado que a empresa trabalha somente com madeiras ecologicamente corretas com certificado, visando a sustentabilidade, por meio da consciência ecológica.

Outro conselho de Almeida para o empreendedor que quer se manter tantos anos no mercado, com a trajetória de sucesso de sua empresa, é utilizar diversas mídias como internet, rádio, revistas e jornais. “O momento, apesar de difícil, pode se apresentar como uma boa oportunidade de se destacar no mercado, apresentando seus diferenciais. A publicidade é essencial, solidificar uma marca no mercado e torná-la ainda mais conhecida é a grande estratégia e depois, os tempos de crise passam”, afirma.

Crise estimula capacidade do cérebro, afirma especialista

O especialista em comportamento, Sulivan França, afirma que as dificuldades financeiras enfrentadas pelos brasileiros em meio à crise econômica estão alterando a relação com o trabalho e também os hábitos de consumo e planejamento familiar. “Falta dinheiro, mas sobra criatividade e disposição para contornar o cenário difícil”. Ainda segundo França, que é presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC), em tempos de crise e dificuldades, há uma tendência natural do homem de evoluir enquanto espécie e em muitos outros sentidos. “Está ligado à sobrevivência. Se analisarmos brevemente a história da humanidade, podemos perceber que as maiores conquistas e descobertas surgiram com a necessidade de mudanças e de melhorias”, explica o coach.

Mas que tipo de oportunidade pode ser aproveitada quando na verdade os brasileiros estão trabalhando mais porque estão ganhando menos e reorganizando gastos porque todos os custos estão maiores? Para Sulivan França, a resposta está no inconsciente da mente humana. “Quando buscamos alternativa de trabalho, por exemplo, estimulamos a capacidade do nosso cérebro para novas habilidades. Muitas habilidades podem ser novidade, inclusive. A oportunidade, neste caso, está relacionada à possibilidade de uma nova profissão”, comenta.

De acordo com o coach, situações que nos tiram da zona de conforto são importantes para o desenvolvimento. “Aproveitar essas ocasiões é preciso. Perder a chance nos impede uma evolução de consciência”, aconselha. “É como se as situações mais difíceis fossem um empurrão para que a mente possa se expandir, achar alternativas, vislumbrar novos horizontes”.

Mudar, segundo o especialista, acaba sendo opcional se a situação é muito confortável. Para ele, são os tempos de crise que impulsionam. E não só as crises financeiras. “Nosso cérebro é estimulado principalmente nos tempos mais desafiadores. Se bem aproveitadas e trabalhadas, as alternativas que encontramos podem se tornar oportunidades bem-sucedidas” (LM).

DICAS SOBRE EMPREENDER: Em tempos de crise, o desafio de empreender é considerável. Veja cinco dicas do professor Edson Sadao Iizuka, do Centro Universitário FEI, para quem pensa em abrir seu próprio negócio:

1) Invista com consciência, ou seja, não aja com o coração, mas com a razão. Tenha em mente que não se pode colocar todo o dinheiro num único lugar e de que o investimento deve ser em algo que se conheça os prós e os contras. Além disso, é preciso guardar recursos para momentos em que as vendas não sejam o suficiente para pagar as contas. Sugere-se ter uma reserva de, pelo menos, três meses para que a empresa funcione sem entrada de dinheiro. O ideal são seis meses de reserva.

2) Caminhe conforme o tamanho da sua perna, ou seja, não se deve pretender algo que esteja fora do alcance, especialmente no período inicial do negócio. Recomenda-se que se dê um passo por vez.

3) Cuidado ao buscar recursos financeiros! Minha recomendação é por bancos de microcrédito governamental, como o Banco do Povo, ou, ainda, o Banco Pérola que é uma ONG de crédito produtivo e dirigido. As taxas são bem melhores que os bancos tradicionais.

4) Caso não saiba montar um bom plano de negócios, minha sugestão é buscar apoio numa universidade, especialmente a partir das empresas juniores (empresas formadas por alunos universitários que são orientados por professores). Os serviços são bem mais em conta e acessível ao microempreendedor.

5)  Estude bem o mercado e escolha um negócio que combine com você. Cuidado com o raciocínio “gosto de tomar sorvete, então vou abrir uma sorveteria” ou “adoro viajar, vou abrir uma agência de viagens”. Observe questões simples e do dia a dia do negócio, ou seja, quantas horas vou ter que trabalhar? Quem é o público que vou lidar? De acordo com o que sei e conheço, tenho condições para gerir o negócio pretendido? E, finalmente: em caso de crise e diante de problemas, vou saber lidar com o negócio nesses momentos complicados?

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