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Saúde

Dor no peito: sempre sinal de infarto?

Artigo escrito pelo Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel

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A dor no peito é um dos sintomas que mais geram medo e levam pacientes a procurarem atendimento médico de urgência. O receio é compreensível, já que ela pode estar associada a problemas cardíacos graves, como angina e infarto. No entanto, a maioria dos casos não está relacionada ao coração.

A região torácica abriga diversos órgãos e estruturas — músculos, ossos, nervos, pulmões, esôfago e coração — e todos podem ser responsáveis pela dor. Por isso, a análise clínica é essencial. Mais de 90% dos diagnósticos podem ser feitos a partir de uma boa anamnese, ou seja, da conversa detalhada entre médico e paciente. Porém, a sobrecarga de trabalho muitas vezes reduz esse tempo, aumentando os riscos de diagnósticos imprecisos.

As causas mais comuns da dor torácica incluem:

Osteomuscular: esforço físico, má postura ou traumas, comuns em esportes.

Psicogênica: tensões emocionais que provocam inflamações nos músculos peitorais e da região torácica.

Pulmonar: infecções como pneumonia, inflamações, embolia ou até infarto pulmonar, que causa dor intensa e aguda.

Digestiva: refluxo ácido do estômago para o esôfago, gerando dor em queimação, muitas vezes associada a alimentos ou posição ao deitar.

Cardíaca: angina e infarto do miocárdio, geralmente com dor no lado esquerdo, irradiação para braço ou rosto e duração prolongada no caso do infarto.

Apesar da preocupação com doenças cardíacas, estudos indicam que menos de 10% das dores no peito atendidas em emergências são de origem cardíaca. Ainda assim, o custo para descartar ou confirmar problemas no coração é altíssimo, estimado entre 10 e 13 bilhões de dólares anuais em todo o mundo.

Para otimizar diagnósticos e tratamentos, hospitais vêm adotando protocolos padronizados, que analisam fatores como idade, sexo, histórico familiar, sintomas e exames iniciais. Esses algoritmos ajudam a identificar com mais precisão os casos graves e a reduzir exames desnecessários.

O alerta dos especialistas é claro: a dor no peito nem sempre é sinal de infarto, mas não deve ser ignorada. Procurar atendimento médico é essencial, pois só uma avaliação completa — com história clínica, exame físico e exames complementares — pode garantir um diagnóstico seguro e um tratamento adequado.

Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel. Cardiologista com especialização em Cirurgia Cardiovascular, orientador de Nutrologia e Longevidade e coordenador da Faculdade de Medicina da Unilago.

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