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Relatório de CPI do Furto de Fios aponta omissão da Prefeitura

Documento também traz indícios de organização criminosa ligada ao tráfico de drogas

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Divulgação/TV Câmara

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pela Câmara de Rio Preto para investigar os furtos de fios e cabos e o funcionamento de estabelecimentos de reciclagem apresentou, nesta quarta-feira (19), o relatório final com conclusões consideradas extremamente graves. O documento aponta indícios de atuação de uma organização criminosa na receptação de materiais furtados, falhas significativas na fiscalização da Prefeitura e evidências de ligação entre depósitos de sucata e o tráfico de drogas.

Presidida pelo vereador Alexandre Montenegro (PL), a CPI realizou oitivas com os secretários municipais de Assistência Social, Sandra Reis, e Segurança Pública, Márcio Cortez, e conduziu um extenso trabalho de campo, incluindo incursões noturnas em locais suspeitos de funcionar como pontos de entrega de cobre e alumínio furtados. Esses levantamentos revelaram que moradores em situação de rua — muitos deles dependentes químicos — têm sido usados como elo da cadeia criminosa, trocando fios queimados por pedras de crack. Um desses casos foi constatado em flagrante pela Polícia Militar em um estabelecimento na Vila Toninho, onde ocorreu a troca direta de material por droga.

O relatório também denuncia omissão do Poder Executivo na fiscalização desses estabelecimentos. Mesmo após a aprovação da lei municipal que proíbe o funcionamento após as 18h — cujo veto do prefeito foi derrubado pela Câmara — a Prefeitura não realizou lacrações e manteve uma postura considerada ineficaz. Segundo a CPI, diversos depósitos continuaram funcionando durante toda a madrugada, alguns com portas apenas entreabertas para disfarçar o fluxo constante de indivíduos levando materiais possivelmente furtados. A investigação encontrou filas de pessoas aguardando para vender fios e ferramentas em plena madrugada, cenário que os vereadores classificaram como “shopping a céu aberto da ilegalidade”.

Outro ponto destacado é a falta de integração entre as secretarias municipais. As oitivas, especialmente as da secretária de Assistência Social e do secretário de Segurança Pública revelaram que não há compartilhamento de informações sobre o perfil criminal de moradores em situação de rua envolvidos nos furtos. Para a CPI, essa falha compromete ações preventivas e contribui para a continuidade do ciclo que envolve vulnerabilidade social, dependência química e criminalidade.

Diante das constatações, o relatório solicita à Prefeitura a abertura imediata de procedimento administrativo para apurar a omissão fiscalizatória e o descumprimento das leis, além da apresentação, em até 30 dias, de um plano de ação com metas e cronograma para reforçar a fiscalização. O documento também determina o envio integral do material coletado ao Ministério Público, com pedido de abertura de investigação sobre eventual conivência de agentes públicos e sobre a possível existência de uma organização criminosa atuando na receptação de fios furtados e na troca direta por drogas.

Ao apresentar o relatório, Montenegro afirmou que o cenário identificado pela CPI é “perturbador” e exige respostas imediatas. “A vulnerabilidade social está sendo explorada para alimentar um ciclo de crime e dependência, enquanto a fiscalização pública falha em seu dever de ofício. Exigimos a responsabilização de todos os envolvidos”, declarou.

A Prefeitura ainda não se manifestou sobre o relatório.

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