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O coração não envelhece, se adapta

Artigo escrito pelo médico, Dr. Edmo Atique Gabriel

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Eu envelheço. Tu envelheces. E o coração humano também envelhece. A passagem do tempo é inexorável e traz consigo modificações estruturais e funcionais no coração.

Aquele órgão dinâmico e pulsátil, que desponta para a vida no ventre materno, começa, por volta da terceira década de vida, a manifestar alguns sinais e sintomas desagradáveis, como desconforto torácico, palpitações e falta de ar aos mais variados esforços.

Um dos mais simples ensinamentos, na busca da longevidade saudável do coração, é o grau de hidratação corpórea. Pode parecer estranho e até controverso, num país de elevadas temperaturas como o Brasil, que as pessoas bebam pouca água. As pessoas esperam ter a sensação de sede para então ingerir o mais perfeito dos líquidos. Mais alarmante ainda é saber que, mesmo diante do bem-estar que a água produz, as pessoas insistem em ingerir quantidades irrisórias, não totalizando 1 litro de água ao dia.

O grau de hidratação corpórea tem influência direta no grau de hidratação do músculo cardíaco. As fibras do músculo cardíaco enrijecem e se deformam a medida que o teor de água diminui. Doenças obstrutivas de vasos sanguíneos do coração e o depósito de cálcio em artérias e válvulas são processos que se acentuam, proporcionalmente à redução do teor hídrico da circulação sanguínea. Não existindo restrições ou limitações absolutas, deveríamos ingerir de 2-3 litros de água ao dia.

Um tópico que, no passado, foi uma temeridade é a prática regular e orientada de exercícios físicos. Num primeiro momento, praticar exercícios físicos, sabendo que, evolutivamente, o coração perde sua capacidade funcional, parecia loucura. Observações clínicas e estudos de grande porte, ao contrário, apresentaram resultados apoiando o uso do exercício físico como um “medicamento” natural, capaz de manter a vitalidade do músculo cardíaco, otimizar o fluxo sanguíneo pelas artérias, veias e vasos colaterais e aprimorar a condição cardiopulmonar.

A partir da terceira década de vida, muitas pessoas começam a “enfraquecer “, ou seja, nota-se nitidamente que a massa muscular e o vigor muscular diminuem progressivamente. Esta condição clínica é conhecida como sarcopenia. A impressão inicial é que a pessoa está emagrecendo, como se fora apenas redução da massa corpórea de gordura. No entanto, as vestimentas tornam-se mais frouxas, às custas desta perda muscular progressiva.

O desenvolvimento de massa muscular depende de alguns fatores como a ingestão adequada de proteínas, a prática orientada de exercícios físicos e a regulação hormonal.

O conceito de que o vinho envelhecido é mais nobre e saboroso deveria ser análogo ao desempenho de um coração “mais vivido”. Coração que “vive mais” deveria ser sinônimo de força, vigor e funcionalidade. Coração que “vive mais” não deveria refletir seu envelhecimento no sentido bruto e literal da palavra; deveria apenas expressar um processo natural e adaptativo, fundamentado em hábitos alimentares e práticas aeróbicas.

Prof. Dr. Edmo Atique Gabriel. Cardiologista com especialização em Cirurgia Cardiovascular, orientador de Nutrologia e Longevidade e coordenador da Faculdade de Medicina da Unilago

 

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