Vereadores viram alvo nas redes após aprovação do reajuste do IPTU

A aprovação do projeto que revisa a Planta Genérica de Valores (PGV) e aumenta o IPTU em Rio Preto repercutiu fortemente nas redes sociais. Desde quinta-feira (25), internautas passaram a ocupar os perfis de 13 dos 14 vereadores que votaram a favor do texto encaminhado pelo prefeito Fábio Candido (PL). Os comentários se espalham até por postagens antigas e se concentram em críticas, cobranças e manifestações de indignação.

O projeto, aprovado por 14 votos a 8, estabelece limite de 20% para o reajuste do imposto em 2026 e já foi sancionado pelo prefeito, com publicação no Diário Oficial. A Prefeitura alega que a medida corrige distorções acumuladas há 11 anos e evita déficit de R$ 150 milhões, projetando arrecadação de R$ 329 milhões no próximo ano, R$ 72,6 milhões a mais do que o previsto para 2025. O texto mantém isenções a aposentados, pensionistas e proprietários de único imóvel de moradia, além de desconto de 50% em ruas com feiras-livres e aplicação de IPTU progressivo em terrenos ociosos.

Mesmo com as justificativas, a reação popular foi imediata. O vereador Alex de Carvalho (PSB) foi um dos poucos a se pronunciar em suas redes, defendendo o voto como “ato de responsabilidade”. A publicação recebeu críticas duras. Uma seguidora respondeu: “Infelizmente desperdicei meu voto em você! A população não tem que pagar pela incompetência da gestão anterior ou atual”. O secretário de Governo, Anderson Branco, tentou apoiá-lo, comentando: “Parabéns vereador pela postura!!”, mas o comentário acabou ofuscado pelo volume de manifestações contrárias.

Abner Tofanelli (PSB) não publicou nada sobre o tema, mas internautas buscaram postagens antigas, como uma fixada em que fala sobre saúde. Um seguidor ironizou: “Defensor do aumento de 20% do IPTU. Mais incoerente impossível, sendo alguém que é das artes e dizia lutar pelas minorias”.

Bruno Marinho (PRD) também não se pronunciou, mas em seus posts apareceram mensagens como: “Parabéns POR AUMENTAR NOSSO IPTU”. Já o colega de partido Bruno Moura divulgou um vídeo defendendo a medida, mas foi rebatido pelo ex-presidente da OAB Rio Preto, Paulo Younes, que criticou a “falta de estudo” do projeto e lembrou que vereadores como Renato Pupo (Avante) e João Paulo Rillo (PSOL) votaram contra para representar o eleitorado. Outro internauta questionou: “Na hora do voto nem justifica, agora vem com vídeo editado? O Peixão te pressionou também?”, em referência a Celso Peixão (MDB), que apareceu em áudios vazados cobrando colegas a aprovarem o texto.

Peixão também virou alvo em suas páginas, especialmente em um vídeo em que aparece dizendo “querer ouvir o povo”. Um seguidor ironizou: “Tristeza ouvir seus áudios! Em prol da população, a cara nem arde”.

O vereador Dr. Tedeschi (PL), que havia se posicionado contra, mas mudou o voto a favor na última hora, foi especialmente cobrado. Em sua página, internautas escreveram: “Que papelão, doutor! Votar contra e depois mudar repentinamente? Quem te ligou?” e “Com todo respeito, o senhor precisa explicar o que o intimidou. A população entende que foi algo muito sério”.

Outros vereadores também enfrentaram a insatisfação popular em postagens não relacionadas ao IPTU. Jonathan Santos (Republicanos) foi lembrado em um post sobre a taxa do lixo: “Mas votou para aumento do IPTU”. Jorge Menezes (PSD), que publicou uma imagem do personagem Tommy Shelby, recebeu a resposta: “Que vergonha! 20% de aumento para quem recebe salário mínimo? Tem que ser muito sujo mesmo”. Cabo Júlio Donizete (PSD) foi cobrado por um seguidor: “Votei no senhor, uma tristeza ver que apoiou o aumento. Não terá mais meu voto”.

Márcia Caldas (PL) também não falou sobre o assunto, mas em uma publicação de divulgação de cursos uma internauta escreveu: “Minha mãe votou na senhora, mas é uma tristeza saber que apoiou aumentar o IPTU. Não terá mais nosso voto”. Já Rossini Diniz (MDB) teve comentários em uma postagem ao lado da secretária de Desenvolvimento Social, Sandra Reis. Uma seguidora escreveu: “É, vai aumentar bastante gente na rua com o IPTU”.

Entre os 14 que votaram a favor, apenas Francisco Júnior (União Brasil), Professor Tadeu (União Brasil) e Paulo Pauléra (Progressistas) não tiveram suas redes invadidas até agora. Pauléra, no entanto, está ausente das redes, sem publicações há 18 semanas.

Do outro lado, os oito vereadores que votaram contra – entre eles João Paulo Rillo (PSOL), Marcelo Renato (Novo) e Renato Pupo (Avante) – receberam apoio de eleitores. Durante a sessão que aprovou o reajuste, o plenário já havia sido tomado por protestos e gritos de “Fora Fipe” e “Se aprovar, o povo vai cobrar”. Agora, a insatisfação se espalha também pelo ambiente digital, transformando as redes sociais em extensão da pressão popular.