Cidades
Em Votuporanga, amor de 74 anos termina no mesmo dia
Agora, a família planeja reunir essas mensagens em um livro, como forma de eternizar essa história inspiradora

Odileta Pansani de Haro, de 92 anos, e Paschoal de Haro, de 94, faleceram com apenas dez horas de diferença no dia 17 de abril de 2025, em Votuporanga, a mais de 80 quilômetros de Rio Preto. Mais do que companheiros de uma vida inteira, eles cultivavam o amor com gestos simples e profundos — como a troca constante de cartas repletas de afeto. Agora, a família planeja reunir essas mensagens em um livro, como forma de eternizar essa história inspiradora.
O romance entre Odileta e Paschoal começou na juventude, após um encontro na Praça da Matriz. Ela tinha apenas 15 anos, ele 18. Desde então, passaram a se corresponder com frequência, registrando nas cartas o amor crescente entre os dois.
Em 3 de dezembro de 1947, Paschoal escreveu a primeira declaração por escrito, expressando um sentimento que prometia durar para sempre:
“Gostaria de viver ao seu lado, entender seus desejos, fazê-la feliz, pois só assim eu seria feliz também. Mesmo que eu viva mil anos, jamais esquecerei você e os momentos que tivemos juntos.”
Já em 4 de fevereiro de 1950, Odileta respondeu com carinho juvenil, chamando Paschoal de “meu brotinho dourado”. Na carta, comentou sobre o cotidiano e confessou a angústia de ficar longe dele: “Já estou pensando em como vou conseguir suportar um mês sem você.”
Mesmo após o casamento, o casal nunca abandonou a troca de bilhetes amorosos. Um dos últimos registros veio no dia 15 de abril de 2009, quando completaram 58 anos de casamento. Paschoal, em mais um gesto de ternura, escreveu:
“A você, minha querida companheira, meu anjo protetor, agradeço de coração por todos esses anos, com dores e alegrias. Que Jesus continue nos abençoando.”
Assim como viveram uma vida de amor, cumplicidade e respeito, também deixaram este mundo de forma simbólica: juntos. Um amor raro, profundo e resiliente — capaz de atravessar o tempo e agora, também, de ser compartilhado com o mundo por meio de suas cartas, que o genro define como uma verdadeira “escritura sagrada”.