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Laudo aponta que vítima morta em briga de bar não foi atingida pelas costas

Laudo pericial descarta disparos pelas costas e reacende debate sobre legítima defesa do acusado

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Repeodução/ circuito de segurança

O laudo balístico do Instituto Médico Legal (IML) apontou que o empresário Geovani Svolkin da Silva, morto a tiros aos 30 anos de idade durante uma briga de bar na Vila Bom Jesus, em Rio Preto, foi atingido duas vezes e teve três perfurações no corpo, nenhuma pelas costas.

O crime ocorreu na noite de 26 de outubro, durante uma briga generalizada na rua Independência, em frente ao bar Resenha, onde a confusão teve início. Geovani foi baleado pelo segurança particular Keven Ígor Silveira Novaes, de 26 anos, que estava sendo agredido junto com os pais por um grupo.

Após pegar uma pistola calibre .40 em seu carro, Keven atingiu Geovani com uma coronhada e, em seguida, disparou contra seu braço. Segundo informações obtidas pelo Gazeta de Rio Preto, o projétil transpassou a parte posterior do membro e depois atingiu o peito da vítima. O segundo tiro acertou o ombro de Geovani.

De acordo com o advogado de defesa do segurança, o laudo comprova que Keven agiu em legítima defesa de terceiros, ao tentar proteger seus pais das agressões.

“Fica comprovado em laudo, em vídeos e em relatos de testemunhas, que houve apenas dois disparos e que nenhum foi feito pelas costas. Keven atirou no braço de Geovani porque ele estava em posição de briga. Quando deu a coronhada, pediu para que Geovani parasse, mas ele continuou. Keven atirou para impedir que o pior acontecesse aos seus pais. O tiro no ombro ocorreu porque Kevin não estava seguro de ter acertado o primeiro devido o tranco da arma”, afirmou o advogado.

Agora, a defesa aguarda a revogação da prisão temporária.

“Ele não vai seguir foragido. Keven está sendo ameaçado de morte pela família de Geovani, e isso já consta no processo. Com a divulgação do laudo, estamos estudando a melhor forma de apresentá-lo ao 1º DP com segurança. Ele não está sendo acobertado. É um filho que, em um momento crítico, protegeu sua família. Confiamos que a Justiça reconhecerá a verdade e a total ausência de ilicitude em sua conduta”, declarou o advogado criminalista Renato Marão, que atua na defesa de Keven ao lado do também advogado Carlos Nimer.

Advogado da família contesta laudo

O advogado criminalista Juan Siqueira, que agora atua como assistente de acusação e representa a família da vítima, contesta as conclusões do laudo balístico que indicou que os disparos não atingiram a vítima pelas costas. Segundo ele, o vídeo do crime mostra que Geovani já estava indefeso quando foi baleado.

“Para quem possui boa visão, o vídeo revela muitos detalhes: Marcos e Geovani já não estavam mais brigando com ninguém; Keven surge exaltado, com a arma em punho, golpeia o rosto da vítima com um golpe de coronhada, aponta a arma e efetua o primeiro disparo. Em seguida, a vítima, indefesa, sem reação, já atingida, sai andando com a intenção de se esconder atrás de uma caminhonete, e Keven segue em sua direção. Do primeiro disparo para o segundo estampido transcorreram em torno de sete segundos. Geovani estava de costas, e o segundo disparo foi, sim, pelas costas”, afirmou o advogado.

Siqueira adiantou que a perícia será impugnada pela assistência de acusação, assim que for oficialmente anexada ao processo.

“Veremos a lisura do trabalho realizado, porque seria inadmissível que, diante de um crime de homicídio, a perícia não tenha fotografado o orifício de entrada e saída no corpo da vítima, para fins de comparação balística. No mais, seja pelas costas ou não, estamos lutando pela verdade, que é somente uma: Geovani, desarmado, foi covardemente morto.”

O advogado ainda afirmou que o uso da arma de fogo ocorreu após o fim da briga e que não houve qualquer situação que justificasse a conduta do atirador.

“A briga já havia cessado e o uso da arma de fogo foi em momento posterior, empregado com excesso e intento homicida, motivado por vingança contra uma pessoa desarmada, que não teve direito ou capacidade de exercer sua defesa. Vamos lutar pela condenação do réu pelo crime que cometeu: homicídio duplamente qualificado”, completou.

O jurista também criticou a versão apresentada pela defesa do segurança Keven Ígor Silveira Novaes, afirmando que há uma tentativa de transferir a culpa para a vítima.

“O ato praticado é criminoso, e da forma como estão tentando desenhar o enredo, não nos estranharia se na próxima manifestação colocarem a culpa na vítima, no irmão, na cunhada… Geovani é vítima, foi morto com dois disparos, sendo um pelas costas”, concluiu.

Entenda o caso

Um desentendimento envolvendo o segurança particular, a vítima, seu irmão e a namorada teria ocorrido dentro do estabelecimento. A motivação seria ciúmes.

Keven teria sido orientado por seguranças a deixar o bar. Quando estava entrando no carro com a família, o irmão de Geovani teria se aproximado de Keven e dado uma voadora nele, acertando-o por cima da cerca de proteção do local. A briga generalizada foi iniciada e diversas gravações mostram o segurança e os pais sendo agredidos por várias pessoas.

Logo depois, Keven aparece com a camiseta rasgada. Ele pega uma arma no carro e faz dois disparos contra a vítima, que depois caminha, cambaleia e cai na calçada. Geovani é socorrido, mas não resiste aos ferimentos.

Keven diz que é policial e foge.

(Atualizada às 17h09 para incluir a versão da defesa da vítima).

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