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Dória prorroga quarentena até 22 de abril; Rio Preto deve seguir governador

Informação foi dada durante entrevista coletiva em que estavam o governador, o infectologista David Uip e o secretário estadual de Saúde

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O governador João Dória, PSDB, prorrogou por mais 15 a quarentena em todos os 645 municípios do estado de São Paulo. Ela passa a valer até o dia 22 de abril. O centro de Contingência do governo paulista aponta que a contaminação está em mais de cem cidades e 400 hospitais públicos e privados com pacientes. O governo espera que 160 mil pessoas não se contaminem com a prorrogação da quarentena.

Na semana passada, durante reunião com os vereadores, o prefeito Edinho Araújo disse que vai acompanhar as decisões do governo paulista sobre o assunto. O decreto municipal que estabelece a quarentena em Rio Preto expira dias 15 de abril, mas está valendo o decretado pelo governador. 
O governador disse que “as prorrogação da quarentena será feita por mais 15 dias, do dia 8 até o dia 22 de abril, em todo o estado e pelas razões que foram largamente expostas por cientistas, médicos e especialistas. Prefeitas e prefeitos terão o dever e a obrigação de seguir a orientação do Governo do Estado. Isto é constitucional, não é uma deliberação que pode ou não ser seguida”.

Ele acrescentou ainda que “nenhuma aglomeração de nenhuma espécie em nenhuma cidade de São Paulo será admitida. As Guardas Municipais ou Metropolitanas deverão agir e, se necessário, recorrer à Polícia Militar para que imediatamente possa haver a dissipação de qualquer movimento ou aglomeração de pessoas” acrescentando que “esta é uma deliberação que deverá ser rigorosamente seguida pela população do estado de São Paulo na defesa de suas vidas e de seus familiares”.

Durante a entrevista coletiva do governador, ele fez um balanço da doença no estado e disse que o número de mortes pela Covid-19 entre 17 de março e 5 de abril já é quase igual ao total de óbitos por gripe registrados ao longo de todo o ano passado”. E revelou que “as internações de pacientes com a confirmação da doença em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) cresceram 1.500% desde 20 de março, passando de 33 para 524, no último dia 3 e que as mortes subiram 180% em uma semana.

Um dos exemplos da necessidade da prorrogação da quarentena é a situação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.  Ele tem hoje 220 pacientes suspeitos ou confirmados, dos quais 110 internados em UTI. Este é um dos retratos da necessidade da prorrogação da medida até o dia 22 de abril. Doria e as autoridades de Saúde dizem que a recomendação é que as pessoas fiquem em casa. Os serviços considerados essenciais continuam em funcionamento, como nos primeiros 15 dias da quarentena.
A decisão é corroborada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a Opas (Organização Pan-americana de Saúde), o Ministério da Saúde e o Centro de Contingência do coronavírus de São Paulo. Segundo o Instituto Butantan, centro de pesquisas biomédicas vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, a prorrogação da quarentena pode evitar 166 mil óbitos em São Paulo, além de 630 mil hospitalizações e 168 mil internações em UTIs. 

A extensão da quarentena em todo o Estado é importante para que se adapte a rede pública de saúde ao número crescente de doentes. Já foram ativados 1.524 novos leitos de UTI em hospitais estaduais, municipais e filantrópicos. 

Os números do Estado

O número de casos de coronavírus no Estado desde 26 de fevereiro chega a 4.620. Ao todo, mais de 400 hospitais, entre públicos e privados, notificaram casos suspeitos de coronavírus. O total de mortes por Covid-19 – 275 em 20 dias – já está próximo das 297 vítimas fatais por síndromes de gripe registradas em 2019. 

Os dados também apontam que o coronavírus mata dez vezes mais do que todos os tipos de meningite. Até o momento são 13,7 mortes diárias, em média, por Covid-19, contra 1,3 morte/dia por meningite no estado, conforme informações consolidadas pela Vigilância Epidemiológica do Estado.
Entre as vítimas fatais da Covid-19, 85,8% tinham 60 anos ou mais. Desses, 92,1% tinham algum tipo de comorbidade. Do total de mortos pela doença em todo o Estado, de todas as faixas etárias e que tinham alguma comorbidade, 69,1% eram cardiopatas; 47,1% possuíam diabetes; 16,1% apresentavam pneumonia; 12,6% tinham algum tipo de doença neurológica; 7,6% possuíam imunodeficiência; 3,1% eram asmáticos; e 2,2% apresentavam doença hematológica. Os boletins são divulgados diariamente no site do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado (www.cve.saude.sp.gov.br).

Cenários

O cenário epidemiológico de São Paulo em relação ao coronavírus é, no momento, melhor que em relação a outros países. O Governo do Estado decretou quarentena apenas 26 dias após o primeiro caso, quando havia 810 infectados e 22 mortes. Com isso, a curva de casos apresentou tendência de achatamento. 

Na Itália, por exemplo, a quarentena foi decretada 49 dias do primeiro caso, já com 47.021 casos e 4.032 mortes, e mesmo assim a curva de contágio continuou crescente. O mesmo ocorreu na Espanha, onde a quarentena começou 45 dias depois do primeiro caso, quando havia 11.826 casos e 533 mortes. 
No dia 20 de marco, esse número caiu para uma para três. No dia 25, já era de uma para menos de duas. Mas somente quando a taxa for menor do que um para um poderá se dizer que a epidemia foi controlada. 
O médico David Uip, infectologista que pegou a doença e se curou, disse que “esses resultados positivos reforçam a importância das medidas de afastamento social adotadas. A evolução da epidemia indica claramente que as medidas têm que ser mantidas, e a adesão da sociedade, reforçada. Neste momento crítico da epidemia, a única medida efetiva ao nosso dispor é o distanciamento social”.

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