Cidades
Menino é agredido por pai de aluno na saída de escola em Rio Preto
Pai da vítima, de 12 anos, mobilizou a direção da unidade e “proibiu” o filho de retornar às aulas
Um professor de 44 anos procurou a Polícia Civil nesta semana para denunciar a agressão que o filho, de 12 anos, sofreu quando saía da escola, em Rio Preto. O agressor seria o pai de um estudante da mesma sala da vítima.
O caso ocorreu na Escola Estadual Maria Galante Nora, localizada no Jardim Belo Horizonte. Segundo o boletim de ocorrência, na hora da saída, o outro aluno disse ao pai que foi agredido pela vítima. O homem foi até o adolescente e deu um soco em seu braço esquerdo; em seguida, o ameaçou, dizendo que, se ele tocasse em seu filho de novo, iria bater nele todos os dias.
Para o pai, o garoto explicou que, no horário de aula, esbarrou sem querer no colega, que entendeu a situação como provocação ou até mesmo agressão porque seus óculos haviam caído no chão.
Ao Gazeta de Rio Preto, o homem contou que a vítima estaria sofrendo bullying dentro da escola. Outro garoto estaria chamando-o de “sem mãe” e usando palavras ofensivas por ele ser filho adotivo de um casal homoafetivo.
Segundo o registro policial, o vice-diretor teria dito ao pai da vítima que a agressão foi fora da escola (na calçada) e que ele deveria registrar um boletim de ocorrência, mas iria checar as imagens das câmeras de segurança.
“A gente fica extremamente chateado porque fazemos o nosso trabalho em casa, e todos os profissionais da escola sabem que sou um pai presente. Vou em todas as reuniões, converso com todas as professoras, ouço e analiso, converso com o meu filho sobre o que deve ser melhorado”, contou Rodrigo, que prefere não expor o nome completo para evitar que o filho seja alvo de mais preconceitos.
Indignado e cansado de esperar uma solução eficiente para evitar que o filho sofra bullying e seja agredido por um adulto, o professor (que não trabalha na instituição) retirou o filho da escola e exigiu que a unidade cedesse os materiais aplicados em sala de aula para que o aluno estudasse em casa e fizesse as provas de fim de ano na escola. O pai vai aguardar o filho fora da sala.
A medida foi aprovada pela diretora, pelo vice-diretor, pela coordenadora e por uma professora durante uma reunião com ele, na última quarta-feira (26/11).
“Fui informado de que não houve nenhuma ocorrência envolvendo meu filho e o outro aluno, e de que nenhum dos dois procurou a direção para reclamar do outro. Mas me pergunto: por que esse pai bateu no meu filho, então? Só porque os óculos caíram no chão — isso é motivo?”, questiona.
O homem ressaltou a responsabilidade dos pais na educação dos filhos para a construção de uma sociedade melhor.
“A escola tem a responsabilidade de ensinar a parte pedagógica. A educação é uma obrigação dos pais; é em casa que a criança deve aprender a pedir por favor, dar licença, ser grata, ter empatia com o próximo, a não ter preconceitos… Meu filho aprendeu tudo isso com a gente, mas percebemos que, desde quando ele iniciou os estudos nesta escola, as coisas começaram a piorar e ele ficou diferente”, explicou.
Rodrigo contou que já foi chamado à escola várias vezes por causa de ocorrências envolvendo seu filho. Os problemas incluem chutes na porta do banheiro, um vidro de porta quebrado (não proposital), brigas e discussões com outros alunos.
“Toda criança tem comportamentos diferentes na escola e dentro de casa, é natural, é o jeito delas. Mas começou a ficar muito fora da nossa realidade em família. Comecei a juntar os fatos e percebi que meu filho está reagindo à forma como está sendo tratado pelos colegas. Ele está externalizando a raiva que está sentindo”, disse.
Outro caso
Esta não é a primeira vez que um aluno de 12 anos sofre agressões recorrentes na Escola Estadual Professora Maria Galante Nora. Em setembro deste ano, uma advogada de 42 anos também procurou a Polícia Civil.
No boletim de ocorrência, consta que a mulher afirmou que o filho é constantemente socado e tem os cabelos puxados por outro aluno. A vítima também estaria sendo ameaçada pelo agressor. Ainda de acordo com o registro policial, a advogada relatou que informou a direção da escola várias vezes, mas nenhuma providência havia sido tomada.
Na última vez que seu filho procurou a diretoria para comunicar que estava sendo agredido, não foi atendido. Somente após a intervenção da mãe, o diretor teria informado que tomaria medidas cabíveis e recomendou o registro de boletim de ocorrência.
O caso é tratado como ato infracional análogo a vias de fato.
“Na teoria é uma coisa; na prática, é diferente. Seguir os protocolos não resolve o bullying, as agressões e xingamentos. A psicóloga conversou apenas uma vez com meu filho e disse que ‘estava tudo bem’. A escola ameniza a situação e vai fazer o quê? Esperar um pai matar o outro, ou um aluno matar o outro lá na frente para fazer alguma coisa? Eu não vou deixar meu filho voltar, deixei isso bem claro. Esta é a pior escola pública de Rio Preto”, afirmou Rodrigo.
“Existem escolas públicas excelentes, mas o Estado não avalia o caso de cada aluno, apenas encaminha para a vaga, sem levar nada em consideração. Abriram vaga em outra escola estadual com o mesmo perfil e problemas. Eu gostaria de poder escolher onde meu filho vai estudar.”
Com a palavra, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
“A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) repudia qualquer forma de violência ou discriminação dentro ou fora do ambiente escolar. A equipe gestora da escola, ao tomar conhecimento da ocorrência, realizou o acolhimento da vítima, efetuou o encaminhamento do aluno ao programa Psicólogo da Educação e convocou os responsáveis pelo estudante autor da agressão para reunião e orientações.
Como parte das medidas adotadas pela equipe escolar, a equipe do Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva SP) realizou uma ação formativa com todos os alunos, visando à conscientização e à promoção da cultura de respeito e convivência pacífica.
A Unidade Regional de Ensino (URE) de São José do Rio Preto já informou ao responsável que há vagas disponíveis em unidades escolares próximas à residência da família. Caso desejem, a transferência ainda pode ser solicitada para o ano letivo de 2025.”
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