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Polícia mira esposa de Poze em esquema de R$ 250 mi do CV

Segundo a polícia do RJ, esquema usava empresas em nome da influencer Viviane Noronha

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Reprodução/ Instagram

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nas primeiras horas desta terça-feira (3), uma operação de grande escala contra um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro operado pelo Comando Vermelho. O grupo criminoso teria movimentado cerca de R$ 250 milhões por meio de empresas registradas em nome de Viviane Noronha, esposa do cantor MC Poze do Rodo  – um dia após cantor ser liberado da prisão.

Ao todo, 35 mandados de busca e apreensão foram expedidos, incluindo na residência do artista. A Justiça também determinou o bloqueio de mais de 35 contas bancárias, além da indisponibilidade de bens e valores. A ação mobiliza cerca de 200 policiais civis e investiga a estrutura montada para ocultar recursos obtidos com o tráfico de drogas e outras práticas ilícitas.

Segundo os investigadores, o esquema utilizava pessoas físicas e jurídicas de fachada para dissimular a origem dos valores, que posteriormente eram reinvestidos em armamentos, entorpecentes e no fortalecimento da presença territorial do Comando Vermelho em diversas comunidades do Rio.

As investigações apontam que os recursos eram inseridos nas empresas ligadas a Viviane Noronha por integrantes da facção e, após circular pelas contas como se fossem legais, retornavam aos criminosos “lavados”. Nos últimos dias, Viviane usou as redes sociais para acusar agentes da Polícia Civil de suposto furto de pertences pessoais durante a operação – entre eles, uma bolsa de grife e braceletes de ouro. A corporação não comentou as acusações.

Morte de líder financeiro e continuidade do inquérito

Um dos nomes centrais na engrenagem financeira do Comando Vermelho era Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor. Responsável por eventos como o Baile da Escolinha, usados para arrecadar fundos e consolidar a influência cultural da facção, ele morreu na segunda-feira (2). A Polícia Civil investiga as circunstâncias da morte, mas garante que o inquérito segue em andamento normalmente.

Inicialmente, a informação é de que ele tirou a própria vida.

O Professor era visto como peça-chave na consolidação do que os investigadores chamam de “narcocultura”, expressão usada para descrever o uso de música, redes sociais e festas como instrumentos de legitimação e expansão simbólica do tráfico de drogas entre os jovens das periferias.

Narcocultura e o controle silencioso nas favelas

A operação também visa expor o modo como o Comando Vermelho se vale de elementos culturais para mascarar sua atuação. De acordo com a Polícia Civil, a romantização da criminalidade por meio da música e de influenciadores digitais tem sido usada como uma forma de recrutamento e dominação simbólica da juventude.

“O que se vende como liberdade de expressão ou arte da ‘periferi’ é, muitas vezes, narcocultura financiada pelo Comando Vermelho, usada para recrutar, dominar e iludir”, afirma nota da corporação.

A polícia alerta que, por trás dessa narrativa, há uma realidade brutal nas comunidades dominadas por facções: restrição à liberdade, presença constante de homens armados, ausência de serviços públicos e a opressão sistemática de moradores, incluindo o aliciamento de menores e a imposição de tribunais paralelos.

A operação segue em andamento, com foco na desarticulação das empresas usadas como fachada e na responsabilização dos envolvidos.

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